10 lições que aprendi investindo ao longo de 5 anos (a #8 é minha favorita)

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Uma das formas de aprendizado que considero mais interessantes é ler sobre os erros e lições de pessoas mais experientes.

É fascinante saber que uma pessoa dedicou boa parte de sua vida estudando e se aperfeiçoando em um assunto.

Hoje tentarei fazer o inverso…

Depois de mais de 5 anos estudando e praticando a “arte” de investir trago a vocês 10 lições que considero fundamentais sobre investimentos.

Elas valem tanto para quem está apenas iniciando como para investidores com uma boa “quilometragem”.

 

1. Humildade

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À primeira vista pode soar estranho o porquê “humildade” está no topo das 10 lições.

Porém, essa é uma qualidade muito importante por diversos motivos.

Um deles é saber que você, principalmente se for iniciante, não possui (ainda)  a experiência suficiente para saber exatamente o que está fazendo.

No meu caso pessoal sofri com essa ilusão e tive de aprender “na marra” como lidar com o excesso de confiança e a ilusão de superioridade.

Quando iniciei meus investimentos acreditei que era possível ganhar mais de 5% ao mês TODO mês.

Antes mesmo de começar a investir de verdade eu simulava minhas operações nos simuladores online de Bolsa. Para minha grande surpresa, consegui ganhar 20% em um único mês comprando apenas 3 ações.

Achei que era inteligente demais para falhar no mercado e logo peguei a calculadora para saber quando chegaria logo ao R$ 1 milhão.

A versão resumida de toda essa história é que em poucos meses eu já estava com uma queda de -30% em minha carteira com dinheiro real.

Para minha “sorte” eu havia colocado uma pequena quantia em torno de R$ 1.500.

Aqui ficam 2 lições:

1. Nunca coloque todo o seu capital acumulado de uma vida em algo que você não conheça profundamente.

Comece pequeno e aumente o capital quando tiver mais experiência.

2. Seja humilde. Saiba que para compreender bem um assunto é preciso dedicar muitos anos de estudo a ele.

Vejo muitos iniciantes, assim como eu já fui um dia, acharem que tem domínio do quanto irão ganhar no mercado e se acham “inteligentes demais” para falhar. Tenha humildade e você evitará muitos problemas.

 

2. A relação Risco x Retorno

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Conhecer a relação risco x retorno é um princípio fundamental nos investimentos, mas muitas vezes ignorado.

É comum conhecer investidores que focam apenas no retorno e ignoram o risco.

É preciso ter sempre em mente que um alto retorno esperado na grande maioria das vezes está atrelado a um alto risco.

Você provavelmente conhece um investidor que já se deu mal investindo em “micos”.

Ou seja, aquelas ações praticamente à beira da falência que valem centavos e estão a espera de uma grande mudança para crescer 1.000% em um único ano.

Ano após ano, esses eventos acontecem em uma ação e chamam atenção de vários investidores.

Porém, eles ficam sabendo desse fato geralmente quando a ação já subiu bastante e está pronta para devolver boa parte dessa subida.

Em alguns casos, já conheci pessoas que perderam 90% de todo seu capital por acreditar nesses “foguetões”, como são chamados esse micos que “bombam”.

Ter em mente que um alto retorno esperado possui um alto risco esperado é importante para você decidir se um investimento vale ou não a pena.

 

3. Custo Oportunidade

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Tanto na vida como nos investimentos você precisa avaliar a relação entre custo e oportunidade para tomar decisões melhores.

Na vida seria:

(1) ver 1 hora de Big Brother Brasil … ou …

(2) Estudar 1 hora

A resposta nesse caso, ao menos para mim, é bem óbvia, já que estudar 1 hora trará um retorno melhor do que ver 1 hora de Big Brother.

Entretanto, essa relação nem sempre é clara. Por exemplo:

(1) Passar 1 hora com seus parentes/amigos … ou …

(2) Estudar 1 hora?

Ambos possuem benefícios, embora sejam diferentes.

Nos investimentos, um custo-oportunidade que considero importante para o investidor pensar é o seguinte:

(1) Investir de forma passiva … ou …

(2) Investir de forma ativa?

O investidor poderia simplificar seus investimentos escolhendo ETFs de ações ao invés de escolher individualmente as ações para compor sua carteira.

Ele não precisaria acompanhar os relatórios trimestrais das empresas, não precisaria estar ligado nas notícias sobre a empresa e poderia dedicar mais tempo para outras tarefas como, por exemplo, passar mais tempo com a família.

Entretanto, o investimento ativo poderia (suposição) gerar um retorno maior para esse investidor, caso ele se dedicasse bastante nesse tipo de estudo.

No meu caso particular, depois de um bom tempo investindo de forma ativa, percebi que:

1. Não conseguia retornos acima do índice (Ibovespa, no caso)

2. O trabalho demandado para analisar as empresas, seus indicadores e seus relatórios tomavam um enorme tempo

3. O controle de todas as ações compradas (várias para efeito de diversificação) tornava-se mais complexo dado uma planilha maior, aos dividendos recebidos, além de avaliar possíveis subscrições

A escolha dos ETF me trouxe mais liberdade, menos stress e, inclusive, aumentou meu retorno, reduzindo o risco de minha carteira.

 

4. Diversificação de Ativos

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Conforme mencionei, a minha “diversificação” no início de minha jornada tinha apenas 3 ações.

Esse foi o principal motivo para eu perder -30% do meu capital ao começar a investir.

Esse episódio me marcou porque fiquei imaginando se ao invés de R$ 1.500 eu tivesse R$ 1.500.000 investidos. Já imaginou perder R$ 450.000?

Com o tempo, a diversificação de ativos tornou-se cada vez mais clara e necessária, já que não era possível prever o futuro da economia e da Bolsa.

Diversificar significa tirar o lado das “apostas” dos investimentos e se preocupar com a preservação e crescimento sustentável de uma carteira de investimentos.

 

5. Controle de Toda Carteira

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Por controle eu quero dizer ter uma planilha em que você consiga:

1. Guardar todas as operações feitas por você

2. Saber exatamente quanto de dinheiro entrou e saiu de sua carteira

3. Calcular a rentabilidade de seus investimentos

4. Calcular o risco dos ativos que você investe

5. Planejamento Financeiro através de metas e simulações

Quando você não mantém um controle do que faz (seja na vida ou nos investimentos) você não consegue mensurar corretamente progresso, suas metas e objetivos.

 

6. Análise de Dados

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Analisar dados é importante para o crescimento do investidor.

Lidar com investimentos é lidar também com números.

Logo, saber fazer alguns cálculos, mesmos que simples como juros compostos, ajuda você a entender melhor sobre finanças e investimentos.

Analisar números é interessante porque você obtém uma resposta qualitativa sobre uma dúvida.

Por exemplo, você pode achar que as chamadas “blue-chips” (ações de alto valor de mercado) são seguras e não apresentam grandes quedas.

Porém, ao analisar a crise de 2008, você irá notar que ativos como USIM5 perderam -80% de seu valor e ativos como PETR4 e VALE5 perderam -60%.

Como os números não mentem, você sabe agora que é possível ter grandes perdas em ações ditas “seguras” e precisa diversificar sua carteira para não sofrer quedas tão bruscas como essas.

 

7. Cortar Custos

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Estamos acostumados a pensar que o mais caro é melhor.

É assim quando comparamos uma ferrari a um fusca ou quando compramos um vinho ou perfume.

Entretanto, se você quiser fazer com que seu dinheiro renda melhor, você precisa reduzir os custos de seus investimentos.

Um exemplo real pode ser visto nesse artigo em que comparei o retorno de um fundo com 5,5% ao ano de administração com o retorno do CDI.

O fundo obteve rentabilidade de 14,75% em 3 anos, enquanto o CDI de 35,75% no mesmo período.

Um exemplo semelhante é o fundo BB Ações PIBB (PDF de fevereiro/2012) que possui uma taxa de administração de 1,5%.

Apenas para comparação o ETF PIBB11 possui uma taxa de administração de 0,059%.

Nos últimos 5 anos o fundo BB Ações PIBB obteve rentabilidade de 18,71%, enquanto o índice (IBrX-50) valorizou-se 28,55%.

Cortar custos, principalmente no longo prazo, fazem uma grande diferença.

 

8. Entender sobre Comportamento Humano

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Economia Comportamental é um dos assuntos mais fascinantes para se estudar.

Compreender mesmo que de forma básica a influência de nossa mente nas decisões financeiras nos ajuda a identificar alguns vícios comportamentais.

Se você já presenciou uma crise financeira como a de 2008, sabe que nesses momentos as pessoas tendem a ser muito mais emotivas do que racionais.

Lendo apenas notícias ruins sobre quebra de bancos, calotes de países e vendo suas carteiras perderem -50% em questão de 5 meses, os investidores se assustam.

Eles vendem suas ações para, somente 1 ano depois, ver o mercado subir 100%, como ocorreu 12 meses após o auge da crise.

Nesses momentos de pânico ou euforia, os investidores tendem a seguir o que chamamos de Efeito Manada.

Ou seja, eles tomam decisões semelhantes a outros investidores por conta da enorme incerteza do momento.

Para eles é mais seguro seguir outros investidores do que fazer exatamente o contrário do que a massa está fazendo.

No caso de 2008, o investidor que, ao invés de vender suas ações, reforçou a sua alocação nessa classe, comprando mais ações, teve um ótimo retorno após a crise.

De maneira análoga, o investidor que diminuiu sua posição em ações na euforia de maio de 2008 com o Investment Grade, sofreu bem menos na crise.

Às vezes, para obter um retorno melhor no mercado é preciso fazer justamente o contrário do que a maioria está fazendo.

Compreender o comportamento humano através da economia comportamental ajuda, e muito.

 

9. Nunca Parar de Aprender

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Pode parecer surreal, mas já vi muitas pessoas dizerem que já aprenderam tudo sobre investimentos.

Essa observação, além de nos remeter ao tópico #1 sobre humildade, é muito perigosa no mercado financeiro.

O mercado é muito dinâmico. Novos ativos estarão disponíveis e viáveis daqui a 5 anos e que hoje não temos acesso.

Pense em ETFs sobre Renda-Fixa, sobre Fundos Imobiliários e opções sobre ETFs.

A taxa de juros muda, a inflação muda e a economia passa por diversos “sobres e desces”.

Portanto, esteja sempre aprendendo e fique atento as mudanças.

Se você ainda não conhece, a seção aqui do blog sobre livros de investimentos pode ajudar você!

 

10. Estratégia de Investimentos bem Definida

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Ao iniciar nos investimentos é comum não ter uma estratégia bem definida.

Por esse motivo temos de ler e estudar bastante sobre técnicas para gerir uma carteira.

Particularmente já testei e pratiquei Análise Técnica, Análise Fundamentalista, Opções…

Porém, foi somente quando li sobre alocação de ativos que pude finalmente ter um controle maior sobre meus investimentos.

Não existe uma técnica que seja perfeita para todos investidores, mas o que me atraiu na estratégia de alocação de ativos foi sua simplicidade e visão ampla da carteira através de uma sólida gestão de risco.

Após anos e anos estudando (foram mais de 10 livros estrangeiros somente sobre esse tema) e praticando no mercado brasileiro com ótimos resultados, resolvi escrever um eBook sobre Alocação de Ativos.

Foram meses e meses de pesquisa, de escrita e muita dedicação.

Agora, o eBook é uma realidade e confesso estar muito satisfeito com todo o esforço.

Você pode conferir todo o meu comprometimento com esse material AQUI.

Forte Abraço!

Henrique Carvalho

Nota: Esse artigo é uma adaptação de uma das lições minicurso sobre investimentos.

(crédito das imagens: shutterstock.com)

Sobre o autor

Henrique é especialista em alocação de ativos, eleito um dos 5 melhores educadores financeiros do Brasil em 2012/2013. Continue Lendo aqui!

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