(10/10) A Última Fronteira que Separa Você do Sucesso Financeiro

O que impede você de alcançar suas metas financeiras?

Às vezes nós sabemos o que devemos fazer para sair do ponto A para chegar ao ponto B.

Porém, o caminho muitas vezes não aparenta ser aquela linha reta que imaginamos.

Durante o MiniCurso HC Investimentos você aprendeu sobre:

  1. Como Diversificar uma Carteira de Investimentos
  2. Porque Investir em ETFs ao invés de Ações Individuais
  3. O que é e como praticar a alocação de ativos
  4. Como montar sua carteira de acordo com seu perfil de investimentos
  5. Os 10 principais erros cometidos pelos investidores (Parte 1)
  6. Os 10 principais erros cometidos pelos investidores (Parte 2)
  7. Montar um planejamento financeiro que realmente funcione
  8. Minimizar custos de uma carteira de investimentos
  9. Quais ferramentas, sites e planilhas utilizar para investir melhor

Esta é a reunião dos conceitos que julgo serem mais importantes para que você possa investir com mais sabedoria, confiança e tranquilidade.

Porém, ao longo do caminho você encontrará diversos obstáculos.

Afinal, como comentado no início, o sucesso nunca é um percurso de linha reta, mas sim um conjunto de caminhos tortuosos e desconhecidos que precisamos percorrer para chegar até lá.

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E para ajudar você nesta futura caminhada separei um conteúdo especial para esta lição #10.

Minha intenção é que você some esta lição a tudo o que aprendeu neste MiniCurso, alcançando sua liberdade financeira com mais tranquilidade, segurança e dinheiro.

Conheça a Economia Comportamental

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Um dos motivos que cria uma fronteira entre os investidores e seus objetivos é a imagem que eles vêem em seu próprio espelho.

Você matou a charada…

O seu inimigo número 1 que ainda separa você do sucesso financeiro é (surpresa) VOCÊ!

Na realidade não é precisamente você, mas a sua mente.

Você pode não perceber, mas ela silenciosamente trabalha contra você.

E este é o objetivo desta lição #10.

Descobrir como nossa mente trabalha (inconscientemente) contra nós mesmos e o que podemos fazer para evitar estes vícios de comportamento.

Afinal, você já tem um bom conhecimento sobre finanças e investimentos, mas (acredite) ao longo do caminho sua mente pregará em você diversas peças (vícios comportamentais) que te farão pegar o caminho mais tortuoso entre o ponto A (onde você está agora) e o ponto B (onde você deseja chegar).

Para nos ajudar nesta tarefa de compreender melhor nossa mente precisamos nos apoiar na Economia Comportamental.

Basicamente, ela estudo o comportamento humano em tudo o que tange o campo econômico, finanças e investimentos inclusos.

Você x Sua Mente

Separei abaixo alguns casos em que você (mais precisamente sua mente) pode sabotar seu futuro financeiro:

  • Você decidiu, após fazer um detalhado estudo, que é o momento de comprar BOVA11. Porém, ao abrir o Home-Broker você nota que o preço deste ativo começa a subir rapidamente e você fica aguardando (em vão…) o preço voltar ao valor em que você viu pela primeira vez ao abrir o HB.
  • Sua carteira de investimentos rendeu “apenas” 30% no mesmo ano em que o Ibovespa apresentou alta de 100%. Você tem uma sensação de “eu poderia ter ganhado mais se investisse 100% na Bolsa”.
  • Você ouviu falar sobre uma estratégia que garante 3% ao mês “sem risco” e alguns amigos já estão tendo sucesso com ela. Você se vê inclinado a largar sua estratégia para seguir o conselho de amigos.
  • Você vê o Ibovespa caindo -50% em apenas 5 meses e fica se perguntando o porquê investiu em ações ao invés de colocar tudo no Tesouro Direto.
  • Você escuta um guru falar que a projeção do Ibovespa para o próximo ano é subir 50% e decide investir em ações muito mais do que o seu plano garantia.

A lista poderia seguir, mas tenho certeza de que você já entendeu a situação.

Você conhece o seu método de investimentos. Sabe o que deve fazer. Porém…

… diversas tentações, desvios, falsos atalhos e, principalmente, vícios comportamentais aparecerão.

E são nestes exatos momentos que você precisará se isentar de toda e qualquer emoção ou pensamento que o leve a se desviar do caminho original.

Você deverá recorrer as maiores virtudes de um investidor:

Disciplina e Paciência.

E como lidar com estas emoções e vícios comportamentais  sem se tornar uma pessoa fria e totalmente racional?

A solução é se basear nos estudos da Economia Comportamental e entender como ela pode ajudar você a entender melhor as sensações e emoções mais comuns que nos fazem tomar péssimas decisões.

Separei para você os 5 principais pensamentos e vícios comportamentais em que sua mente tentará constantemente colocar você em grande perigo.

Surpreendentemente, estes conceitos não se aplicam apenas a investidores iniciantes, já que esta luta contra o “lado negro de nossa mente” também é praticada e aperfeiçoada pelos mais experientes e inteligentes investidores.

1. O Efeito Manada

Efeito-Manada

O problema: As pessoas tendem a ser mais otimistas quando o mercado sobe e mais pessimistas quando o mercado desce

Parece uma ideia simples. Porém, ela pode ser seu pior pesadelo.

Warren Buffett já dizia que você deve comprar quando todos estão querendo vender e vender quando todos estão querendo comprar.

Pense na crise de 2008. O Ibovespa chegou a apresentar uma queda de -60% em apenas 5 meses.

Imagine que você tenha chegado ao sonhado R$ 1 milhão após 10 anos de sacrifício poupando o máximo que podia e, em apenas 5 meses, você perde R$ 600 mil, tendo agora apenas R$ 400 mil em sua conta corrente.

E pior…ao assistir o jornal você só vê notícias sobre a crise financeira, o fechamento de bancos, o pânico dos investidores.

Algo lhe diz que você pode perder ainda mais e até mesmo perder tudo. Afinal, são tantas influências negativas que você já não tem mais a tranquilidade necessária para tomar uma decisão sensata.

Você decide vender tudo. Caso contrário já não teria nem mais dinheiro para pagar a prestação do carro que acabou de comprar.

3 meses depois o mercado começa a subir e você percebe que embora não conseguisse recuperar os R$ 1 milhão teria ao menos uns R$ 750 mil na conta.

Porém, como você decidiu seguir o rumo da grande maioria dos investidores em um legítimo efeito manada, você conta agora com apenas R$ 400 mil.

O problema deste efeito tão comum no mercado é que as pessoas se sentem mais seguras quando um número maior de pessoas está tomando a mesma decisão que elas, mesmo que não seja a melhor decisão.

O que fazer:

Ao utilizar a estratégia de alocação de ativos você naturalmente se forçará a comprar nas baixas e vender nas altas.

E aqui está o porquê:

Rebalancear a sua carteira de investimentos retira suas emoções na hora de investir.

A ideia por trás de rebalancear a sua carteira é de que você periodicamente “reset” sua carteira para voltar a alocação original.

Veja um exemplo de como rebalancear funciona:

Imagine que você tenha uma carteira de investimentos com 50% em Bolsa (BOVA11) e 50% em Renda-Fixa (LFT).

Assumimos também que você planejou “resetar” sua carteira sempre que a proporção de um investimento fique maior do que 60%. (ou analogamente, menor do que 40%)

Logo, tomando um cenário de crise, ao verificar sua carteira você nota que ela está com a seguinte alocação:

35% em Bolsa (BOVA11) e 65% em Renda-Fixa (LFT).

Isso significa que você precisa vender 15% em Renda-Fixa para comprar 15% em Bolsa, já que deste modo você retornaria ao plano original de 50% | 50%.

Note que somente praticando esta estratégia você estará se forçando a comprar quando todos estão com medo (crises) e vender quando todos estão gananciosos (euforia).

O melhor desta estratégia é que você tira totalmente as emoções na hora de realizar a operação, já que o próprio desvio da carteira é que dirá a você quando e como operar.

2. The Recency Effect

iceberg

O problema: Investidores dão muita atenção a acontecimentos recentes ao invés de fundamentos de longo prazo.

Conhecido como Recency Effect.

É natural do ser humano julgar uma decisão baseando-se totalmente em episódios recentes, ignorando dados antigos.

Uma boa analogia é a imagem do iceberg que ilustra este tópico.

Os fatos recentes são a ponta do iceberg, visível acima de mar. Esta é a única parte que os investidores geralmente vêem. Ela pode ser o último balanço trimestral, a última notícia sobre a empresa, a última queda dentro de 1 semana…

Entretanto, os fundamentos de longo prazo são o restante do iceberg, não visível abaixo do mar. Ignorá-los é como passar com um Titanic perto deste iceberg olhando somente para a parte visível acima do mar.

Um exemplo prático e muito comum pode ser visto no futebol aqui no Brasil.

Não importa se um time ganhou 30 jogos seguidos.

Se ele perder 3 jogos seguidos você já pode encontrar diversas manchetes relatando a crise neste time.

O problema deste efeito:

A nossa memória de curto prazo é muito mais forte e influente do que a de longo prazo. E isso colabora para o ser humano identificar padrões onde não existem.

No exemplo do time acima, se você tivesse de apostar no resultado dos próximos 10 jogos você acreditaria que o time ganharia ou perderia mais jogos?

No mercado financeiro, investidores se iludem com a rentabilidade dos chamados “micos de investimento”, cujas rentabilidades são de às vezes 1.000% em menos de um ano, acreditando que esta tendência continuará indefinidamente…

O que fazer:

Existe uma influente área na Teoria de Finanças, e da qual sou seguidor, que acredita que os mercados tendem a reverter a uma média em longos prazos.

Sabemos que no curto prazo os mercados podem seguir uma única direção, mesmo que não haja qualquer fundamento para uma rápida subida ou descida.

Este caso ficou conhecido no mercado americano na década de 90 em que o Dow Jones e, principalmente a Nasdaq no final da década, apresentavam retorno médio acima de 30%.

Alguns investidores diziam que “agora era diferente” e que a expansão da Internet e o rápido avanço da tecnologia representariam um novo modelo econômico, sendo natural esperar retornos acima de 30% todo ano no mercado de ações.

Eles estavam cegos por este efeito, já que a única ponta do iceberg que viam eram os retornos na década de 90, que foi extremamente favorável para o mercado americano.

O resto é história…

O índice Dow Jones caiu por 3 anos consecutivos (2000,2001,2002), apresentando uma perda de -40%.

O índice Nasdaq, que sintetiza as empresas de tecnologia, foi ainda pior, apresentando uma brutal queda de -80%.

Um dos autores que respeito nesta área é o Neurocientista e Investidor Dr. William Bernstein que sumariza da seguinte forma:

“A teoria de regressão à média indica que períodos de relativa boa performance tendem a ser seguidos por períodos de relativa baixa performance e vice-versa”.

Palavras extremamente simples, mas muito poderosas.

Teoria da Regressão à Tendência nos Estados Unidos

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clique na imagem para ampliar

Em azul você vê o índice S&P 500. Em vermelho a sua linha de tendência.

Abaixo, você encontra o quanto o índice variou (se desviou) em relação à sua linha de tendência.

Está vendo o ponto mais alto, marcando 156%? Repare agora em qual período ele ocorreu. Pois é…

Não é à toa que uma das frase mais famosas em Wall Street é:

“The four most expensive words an investidor could say is: This Time is Different”.

Teoria da Regressão à Tendência no Brasil

Regressao-Linear-Ibovespa

clique na imagem para ampliar

Apesar de não termos dados desde 1870 (!) o melhor que podemos fazer é utilizar dados após o Plano Real (julho de 1994).

Fiz questão de reproduzir de modo semelhante o gráfico americano aqui para o Brasil.

Aqui, devido ao menor tempo de análise, a dispersão em relação à tendência não é tão grande como nos Estados Unidos.

Porém, você já pode perceber áreas em que o índice variou para bem mais e para bem menos.

A linha azul horizontal, marcando o valor de 47,04%, representa o percentil 95, em que apenas 5% dos dados em verde estão acima desta linha.

A linha vermelha horizontal, marcando o valor de -39,12%, representa o percentil 5, em que apenas 5% dos dados em verde estão abaixo desta linha.

Logo, são áreas raras em que quando as barras em verde cruzam estas linhas estamos diante de uma raro momento.

Caso cruzem a linha azul estamos diante de um momento de euforia.

Caso cruzem a linha vermelha estamos diante de um momento de pânico.

Ao menos é o que as probabilidades nos mostram…sendo preciso lembrar também que a linha de tendência se ajusta diariamente com novos dados.

No Ibovespa, a maior variação para cima em relação à sua tendência histórica ocorreu em 1997, com valor de 69,35%.

Já a maior variação para baixo em relação à sua tendência histórica ocorreu em 2002, com valor de -51,01%.

3. “Os Melhores Ativos São Aqueles que Subiram Muito”

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O problema: As pessoas tendem a comprar investimentos que obtiveram alto retorno no passado.

Nos EUA, 80% das novas compras de fundos de investimentos são direcionadas ao fundo com melhor retorno no último ano, que geralmente recebem classificações de 5 estrelas e ampla cobertura da mídia.

E por aqui não é muito diferente…Você provavelmente conhece alguém que já comprou um fundo de investimento somente pela alta rentabilidade que ele apresentou no ano passado.

Alías, convenhamos, este é o primeiro item que a maioria dos investidores olha para avaliar um fundo de investimento.

E este é exatamente o motivo pelo qual diversos investidores compraram PETR4, VAL5 ou USIM5 em maio de 2008.

Afinal, eles ouviram que desde 2003 estes ativos apresentaram rentabilidade muito acima do índice.

Confira o retorno acumulado de cada ativo neste período:

Alta

Havia, portanto, um consenso de que investir em USIM5, PETR4 e VALE5 iria garantir ao investir maiores retornos do que o Ibovespa.

Além disso, como eram ações com grande participação no Ibovespa e apresentavam um alto giro financeiro e elevada negociação, muitos investidores acreditavam que o risco era muito pequeno ao investir nestas sólidas companhias.

Até que…

… veio a crise de 2008 e em 5 meses derrubou todo este mito, fazendo investidores perderem fortunas.

Foi um período triste porque conheci muitas histórias de pessoas que perderam uma vida inteira de economias…

Veja o retorno destes ativos neste período de crise:

Baixa

USIM5 apresentou um retorno de praticamente -80% (!)

Para você ter ideia, se você tivesse investido R$ 1 milhão neste ativo teria apenas R$ 200 mil e para voltar aos R$ 1 milhão anterior teria de multiplicar seu dinheiro x5.

Ou seja, uma queda de -80% necessita de uma subida de 400% para voltar ao patamar original.

Perceba também que todos estes ativos que obtiveram retornos bem acima do Ibovespa no período de jan/2003 até mai/2008 agora encontram-se na situação contrária…

Note como voltamos ao conceito de regressão a tendência…

Devido a rentabilidade muito acima do índice destes ativos no período de janeiro de 2003 até Maio de 2008 havia uma maior probabilidade de que estes ativos apresentassem retornos abaixo do índice dali para frente.

Observe no gráfico abaixo como a Usiminas (USIM5), no final de 2011, estava no mesmo patamar de 2005.

USIM5

E para os investidores que compraram o ativo na euforia de maio de 2008 a perda ainda continuava em -80% no final de 2011.

Você aguentaria mais de 3 anos com rentabilidade de -80% em um ativo?

O fato é que o mundo gira em torna de um equilíbrio e toda vez que há um exagero é necessária uma correção.

Os descuidos com a natureza através modelos econômicos não sustentáveis nos levou a presenciar fenômenos de destruição natural nunca antes vistos com tanta intensidade…

O mesmo vale para o mercado financeiro.

Quando um ativo sobre muito além do mercado e por um período prolongado espera-se que dali para frente seus retornos sejam menores do que o índice de mercado.

Até porque a maioria dos iniciantes só começa a entrar quando a notícia está na mídia, momento em que os profissionais do mercado “desovam” este ativo nestes novos e gananciosos investidores.

O que fazer:

Esteja ciente da diferença entre microciclos e macrociclos.

Embora não exista um padrão que defina a periodicidade para cada um, podemos dizer que:

Microciclos: Até 3 anos. (Inexistência de padrões, com resultados muito mais aleatórios)

Macrociclos: Acima de 3 anos. (Reversão a Tendência começa a ser mais predominante nos índices)

Os números são baseados em estatísticas históricas que mostram o período 3 anos como sendo o início para reverter uma tendência.

Ou seja, espera-se que um índice de ações tenha retornos ruins por 3 anos seguidos, mas geralmente não costuma passar deste período até uma nova alta aparecer.

Quando analisar um fundo de investimento ou um ativo que subiu bastante no passado verifique:

  1. Esta subida teve algum tipo de fundamento?
  2. O quanto foi o retorno em excesso deste ativo/fundo em relação ao seu benchmark (índice de comparação)?
  3. O retorno foi diretamente proporcional ao risco? Ou seja, o altíssimo retorno foi acompanhado também por um altíssimo risco?
  4. Qual é o índice sharpe deste ativo/fundo em comparação com demais ativos/fundos?
  5. O retorno já está se prolongando por mais de 3 ou 5 anos?

Geralmente você verá que ativos que apresentaram uma rápida subida tendem a performar abaixo da média no longo prazo.

Portanto, embora eles possam continuar subindo forte no curto prazo (o que também não é nada garantido), no longo prazo você pode acabar tendo um retorno bem abaixo do mercado, com elevado risco.

4. Erros de Julgamento

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O problema: As pessoas relutam em admitir erros de julgamento.

A solução para elas muitas vezes é se basear na opinião de outras pessoas para terem quem julgar caso o investimento dê errado.

E é neste momento que aparece um guru falando o que elas queriam escutar: “Bolsa tem upside de 30% para o próximo ano”.

Alguns ainda vão além prevendo qual a pontuação do Ibovespa em um dia específico. “Bolsa chegará a 200.000 pontos no dia 01 de janeiro de 2015 através da expansão de Fibonacci segundo guru da Análise Técnica”.

Agora elas já tem um motivo para fazer a compra (Guru | Análise Técnica | Fibonacci) e alguém para culpar caso dê errado (Guru).

Aqui entra também o viés de confirmação, em que a pessoa valida uma decisão sua através de qualquer opinião que vá de encontro ao que ela queria exatamente escutar.

Na cabeça delas isso já é o suficiente para a operação ser muito menos arriscada.

É raro um investidor perceber que fez uma péssima compra e vender imediatamente o investimento.

Ao invés disso, ele prefere torcer e apostar na volta do ativo para o preço que ele pagou.

Afinal, se ele pagou R$ 10 e agora o preço é R$ 5 ele pensa:

“Já estou no prejuízo mesmo. Agora vou deixar para longo prazo e esperar calmamente o ativo voltar aos R$ 10 que paguei”.

Novamente, este é o preço “justo” para ele. Se está abaixo é porque há algo de errado.

A ideia de esperar o preço voltar ao valor original só se justifica para ele não ter de reconhecer o seu próprio erro.

O que fazer:

Estar errado no mercado pode custar muito caro. Porém, não reconhecer logo este erro poderá custar uma vida inteira de poupanças.

No exato momento em que você reconhecer que fez um investimento ruim venda-o na hora.

Veja que não estou dizendo para vender um ativo apenas porque ele está apresentando perdas.

Entretanto, o que quero dizer é que se você notar que os fundamentos ou os motivos que o levaram a comprar aquele ativo não se sustentam mais então chegou a hora de você se desfazer dele. Com ou sem prejuízo.

Ao administrar uma carteira você não deve olhar por lucro ou prejuízo, mas sim como ela está alocada e se os fundamentos dos ativos que a compõem se sustentam.

Se notar que algum investimento vá ao contrário de sua filosofia de investimentos, venda este ativo imediatamente.

E não se preocupe em verificar o que teria acontecido SE não tivesse vendido.

Não torne-se um Investidor do “SE”.

Se eu tivesse comprado este ativo…

Se eu optasse por vender este ativo já 1 semana atrás…

Se eu seguisse o conselho do meu amigo…

Evite pensar o que o futuro poderia reservar a você ou como o passado poderia ser diferente.

Atenha-se a seus princípios, valores e filosofia de investimento que você estará no caminho correto.

E sempre que perceber um erro de investimento assuma totalmente a responsabilidade e não culpe ninguém pelo ocorrido.

Lembre-se: É você que está no comando da sua vida. Suas decisões e atitudes é que levarão você do ponto A para o ponto B.

5. Preço de Referência

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O problema: As pessoas denominam um investimento “bom” ou “ruim” baseando-se de acordo com o preço atual em relação ao preço que elas pagaram, ao invés de avaliar os verdadeiros fundamentos deste investimento.

Se tivesse de escolher apenas um entre estes 5 perigos de comportamento humano seria este.

Afinal, vejo tantas pessoas inteligentes cometendo este tipo de erro diariamente…

Seja para comprar o pão na esquina ou um novo imóvel e, principalmente, um ativo financeiro.

Aqui está um exemplo:

João vai na padaria para comprar pão e o preço marca: R$ 10,00.

João acha um absurdo e reclama com o Manuel, dono da padaria, que logo percebe o engano e muda o preço: R$ 5,00.

Agora João respira aliviado. “Bom, ele baixou o preço em 50%. Vou aproveitar e comprar mais pães hoje.” – ele pensa.

Você percebe o vício do comportamento de João?

Pagar R$ 5,00 pelo pãozinho da padaria ainda é um baita absurdo você não acha?

Mas é aí que João foi fisgado sem nem se dar conta…

E é com esta filosofia que os sites de compras coletivas ganham tantos adeptos.

Qualquer pessoa gosta de obter vantagem. Ainda melhor é ela contar vantagens para os amigos.

Logo, João na conversa com a família e os amigos no lanche da tarde comenta:

“Sabe este pão que vocês estão comendo? Pois então, o Manuel da padaria me vendeu eles com 50% de desconto”.

A lógica é a mesma para os diversos produtos ofertados nos sites de compra coletiva.

O preço cortado (preço anterior ao desconto) é na maioria das vezes fictício e totalmente sobrevalorizado, assim como o pão de R$ 10 da padaria do Manuel.

Ele só está lá para que o consumidor tenha uma referência de preço para dizer que se deu bem. É um motivo pronto para contar vantagem.

E eu já ouvi e inclusive presenciei casos absurdos do uso deste artifício nestes sites de compra coletiva.

Veja os dois exemplos abaixo, em que a referência de preço é, na maioria das vezes, uma mera ilusão:

1. O Curso Grátis que era oferecido por 50% de desconto

Parece loucura não é mesmo? Acompanhe o caso abaixo, porque é bem pior do que parece.

Um curso de investimento (aqueles de corretora) estava sendo ofertado nestes sites de compra coletiva de R$ 99,99 por apenas R$ 49,99 e havia apenas menos de 24 horas para comprá-lo.

Você pode pensar: O que há de errado com isso? Por R$ 49,99 o curso parece até ser barato…

Aparentemente nada…mas o curso nunca custou R$ 99,99 nem nunca custou um único centavo…

Era um curso grátis oferecido pela corretora, até porque a qualidade era ruim e os temas extremamentes básicos, em que apenas 1 hora procurando na internet a pessoa encontraria as informações necessárias.

Percebe a malandragem? Um curso que era grátis agora estava sendo oferecido com desconto de 50% saindo de R$ 99,99 por R$ 49,99.

E falo com caso de conhecimento, embora não tenha certeza se o curso ainda é divulgado por estas bandas…

2. Viagem para os Estados Unidos custa o mesmo preço no Site Oficial e no Site de Compras Coletivas

Este é um caso real que ocorreu com uma tia minha.

Ela comprou através destes sites de compras coletivas uma viagem para os Estados Unidos por 4 dias.

Entretanto, já nos Estados Unidos, dentro do Hotel onde ficou hospedada, ela percebeu que o preço que ela pagaria através da agência de viagens afiliada ao Hotel era o mesmo preço que aparecia no site de compras coletivas.

A diferença é que no site de compras coletivas o desconto era de 50%. Algo que saia de R$ 5.000 para R$ 2.500. (não me recordo dos valores precisamente)

Para ela não fez diferença porque sua vontade de passar os 4 dias lá já era algo planejado.

Porém, e as pessoas que compraram apenas pelo impulso ou porque simplesmente não podiam perder a “oportunidade da vida” e que acabaria em menos de 24 horas?

E como esse vício de comportamento também se aplica aos investimentos?

Quando um índice de ações cai abaixo de -20% dizem que estamos em um Bear Market, ou seja, um mercado pessimista.

Logo, imagine um ativo que tenha caído -50%.

Muitos investidores aplicariam neste ativo somente porque ele apresentou esta enorme queda.

Afinal, se ele valia R$ 10, a R$ 5 é uma barganha!

Mas a questão é:

Os seus fundamentos mudaram?

E se o ativo está próximo de uma concordata?

Não seria natural esperar cair mais do que 50%?

50% não é um número mágico que fará o ativo parar de cair…

E como você viu no item #3, blue-chips renomadas como PETR4, VALE5 e USIM5 já caíram bem mais de -50% e em menos de 5 meses…

Porém, na cabeça deste investidor os R$ 5 são um desconto de 50% dos R$ 10 anteriores.

E se ele conhece um amigo ou acompanha um fórum de investimento em que as pessoas publicam o preço de compra de seus ativos ele este vício aumenta exponencialmente.

E aqui está o porquê.

Imagine que seu amigo ou o forista do exemplo publica que comprou o ativo a R$ 8 achando que a queda de R$ 10 para R$ 8 (-20%) já era suficiente para o ativo voltar a subir.

Porém, o ativo continua caindo até os R$ 5.

Aqui o investidor não tem dúvidas de comprar. Afinal, ele está comprando a um preço melhor do que seu amigo ou o forista.

Ele utiliza este suporte mental de que está na vantagem para tomar uma decisão.

Afinal, mesmo se ele perder ele estará na vantagem em relação ao seu amigo/forista porque perderá menos.

Parece loucura, mas é uma atitude inconsciente que nossa mente nos prega.

O que fazer:

A solução agora já está na sua mente.

O principal problema de cair neste vício era não conhecer como de fato nossa mente se programa mesmo que inconscientemente para reconhecer vantagens mesmo onde não há nenhuma.

Caso este vício já tenha ocorrido com você ou com alguém que você conheça, o material que detalhei acima cobre bem a razão da existência deste vício.

Embora seja é natural do ser humano querer obter vantagem, você pode saber quando está de fato obtendo uma vantagem.

E para saber isso basta conhecer a simples diferença entre dois valores.

Preço x Valor

Preço é o que você paga.

Valor é o que você leva.

Ou seja, preço é apenas uma referência monetária.

Para um pão pode ser R$ 1, R$ 5 ou R$ 10.

Valor é o somatório de todo o capital humano e tempo na confecção do produto ou no serviço prestado.

E é este conceito que permite você saber que um pão de R$ 10 é extremamente caro.

Ou quando um curso de visível má qualidade é “empurrado” para você a R$ 49,99.

A relação nem sempre estará 100% clara em sua mente, mas na dúvida sempre compare valores:

  • Porque este curso custa R$ 49,99 e o outro custa R$ 499,99?
  • Qual é a média do mercado para um curso de investimento?
  • O que eu valorizo como sendo de qualidade para pagar acima da média?
  • O que este serviço tem de diferente dos outros que se traduz em um benefício claro para mim?
  • Qual é o grau de confiança e credibilidade que o vendedor está me passando?

O objetivo é traduzir as principais qualidades do produto e serviço e juntá-las com o que você realmente deseja.

Se de fato for algo desejado, você compara o preços para saber se o valor oferecido está alinhado com o preço cobrado.

Você pegou a ideia, agora é só praticar na sua próxima compra! 🙂

Conclusão

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Este tema sobre o estudo da mente humana é fascinante e muito importante para evitar vícios de comportamentos que podem sabotar você, seja nos investimentos, nas relações pessoais e na vida em geral.

É por esse motivo que dediquei um capítulo inteiro (cap.07) a este assunto no meu eBook sobre Alocação de Ativos.

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Com essa Lição #10, fechamos o MiniCurso colocando a cereja no bolo.

Afinal, ao longo das 9 lições você aprendeu o que considero essencial para investir com inteligência.

Mas eu sei, por experiência própria, que o conhecimento em si nem sempre é suficiente para evitar decisões erradas nos investimentos.

E para contornar este problema, precisamos conhecer ao menos um pouco da programação de nossa mente para evitar estas sabotagens inconscientes.

Eu sinceramente espero que este MiniCurso de Investimentos tenha sido tão importante para você como foi para mim.

Foi uma honra enorme poder participar de parte do seu dia-a-dia compartilhando estas informações sobre investimentos.

Desejo a você enorme sucesso e que você alcance suas metas financeiras e pessoais.

E quem sabe um dia não nos encontramos nesta paisagem?

Forte Abraço,

Henrique Carvalho

Você poderia me fazer um favor?

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