(5/10) Você comete algum destes 10 erros mais comuns dos investidores? [Parte 1]

“Errar é humano. Botar a culpa nos outros também.” – Millôr Fernandes

Você provavelmente já cometeu algum erro em seus investimentos que lhe causaram um prejuízo inesperado.

É normal… todos nós passamos por isso.

E é até bom, porque o erro nos fortalece.

Mostra falhas que, muitas vezes, não estão visíveis para nós.

Podemos, então, corrigí-las e aperfeiçoar nosso método.

É deste modo, a ciencia evolui, o mundo evolui e, claro, nós como investidores evoluimos.

Aprender com os próprios erros é saudável, porém, não irá lhe devolver aqueles R$ 1.000 que você acabou de perder…

Entretanto, existe uma solução muito barata e também eficaz.

Aprender com o erros dos outros.

Quando uma pessoa que você conhece, gosta e confia mostra como errou, o porquê errou e como ela fez para solucionar um erro é como se você estivesse passando pela mesma experiência.

Logo, você aprende a não cometer o mesmo erro e evolui como pessoa.

Vamos analisar os erros 10 mais cometidos pelos investidores?

Nota: Alguns destes erros (a maioria na verdade) foram cometidos por mim quando iniciei minha jornada nos investimentos. Portanto, você não está sozinho! =)

Espero que, após ler esta lição, você não precise passar pelo mesmo processo de teste e erro que passei.

Vamos lá!

1. Altos Custos

altos-custos

Problema: 

  • Você gasta dinheiro demais com corretagens, impostos, assinaturas de inúmeros revistas, softwares…

Você foi acostumado a pensar que quanto mais caro, melhor.

E, na maioria dos casos, esta relação é verdadeira.

Um carro mais caro tende a ser melhor do que um carro popular.

Um perfume caro tende a ser melhor do que um barato.

A lógica que fica é: Se um produto é mais caro significa que ele demandou mais estudos e pessoas envolvidas para torná-lo diferente e melhor.

Porém, nos investimentos a relação é totalmente contrária.

Você lembra que apenas 34% dos fundos ativos aqui no Brasil conseguem superar o Ibovespa?

E que 78% dos fundos apresentam um risco acima do índice?

Um dos motivos para esta performance ruim é o custo.

Taxas de administração, performance…

Tudo o mais constante, você irá preferir um fundo com taxa de administração de 4% ao ano ou de 0,5% ao ano?

E o problema está também no dinheiro que você gasta girando demais sua carteira (altas corretagens, impostos)…

Nos custos de assinaturas de revistas de negócios que, por assinar várias, você acaba lendo apenas a capa…

Nos softwares que você utiliza, seja para análise técnica, análise fundamentalista, você não inclui como custo.

Analise todos os custos em sua carteira de investimentos.

Talvez você se espante ao calcular a rentabilidade bruta (desconsiderando custos) e líquida.

O que você pode fazer:

  • Procure corretoras com planos mais baratos (mas atente para a tradição da corretora).
  • Minimize impostos. Você sabia que o imposto de renda-fixa é de 22,5% para prazos menores de 6 meses, mas de 15% para prazos acima de 2 anos?
  • Pare de girar sua carteira como se fosse um pião. A matemática é simples: Mais Custos = Menor Retorno
  • Livre-se de softwares que não ajudam de verdade nos seus investimentos. Você realmente precisa de um software em tempo real de análise técnica se seu objetivo é investir no longo prazo?
  • Selecione somente as assinaturas que agregam valor para você. Tratando-se de informação, qualidade é melhor do que quantidade.

2. Excesso de Informação

excesso-de-informação

Problema:

  • Você acompanha notícias demais e não sabe diferenciar ruído da verdadeira informação

Você lê a Folha, Exame, Valor Econômico, O Globo, G1, Estadão…

Quanto mais notícia melhor…afinal preciso estar bem informado, você pensa.

Porém, conforme citei anteriormente, qualidade é melhor do que quantidade.

Escolha poucas fontes que não lotem sua caixa de emails ou que publiquem informações irrelevantes para você.

Filtre muito bem o que você lê e fique apenas com o mais importante.

Ruído é aquela informação que você lê e não lhe acrescenta nada, podendo, inclusive, te confundir na hora de tomar uma decisão.

Informação é a notícia que tem um real impacto em seus investimentos.

Ruído é saber que o Eike Batista é um dos homens mais ricos do mundo…

Informação é estar informado sobre o downgrade dos Estados Unidos e a influência deste evento nos mercados.

O que você pode fazer:

  • Filtre.
  • Filtre.
  • Filtre.
  • Escolha somente os melhores meios de comunicação (pode ser blog, jornal, revista) e foque apenas neles.

3. Market Timing

market-timing

Problema:

  • Você quer adivinhar qual o melhor momento para entrar e sair de um ativo

Você já deve ter percebido que é muito difícil acertar todas as suas previsões.

A busca por um melhor timing gera diversos aspectos psicológicos negativos:

1. Stress

2. Ilusão de Confiança Excessiva

3. Dunning-Kruger Effect

4. Ilusão de Superioridade

5. Retorno abaixo da média

Um estudo da Dalbar mostrou  que no período de 20 anos, terminando em 2008, o investidor médio obteve um retorno anual de 1,87% enquanto o S&P 500 apresentou retorno de 8,35%.

Este estudo (Quantitative Analysis of Investor Behavior) é um ótimo exemplo de como a busca por um melhor market timing pode reduzir drasticamente a rentabilidade de uma carteira de investimentos.

Você pode pensar que a diferença de -6,48% ao ano em relação ao índice seja pequena…

Mas atente que os retornos são anuais e em um período de 20 longos anos.

Suponha dois investidores com US$ 100.000 cada.

O investidor “sabichão” que “sabe” quando um ativo irá subir ou cair e gira a carteira a todo momento terminaria com US$ 144.853 ou 44,85%.

Já o investidor “sem graça” do tipo “eu sigo a média” que investiu no índice teria um capital de US$ 497.254 ou 397,25%.

Você quer garantir o futuro financeiro de sua família ou viver para contar em festas os maravilhosos trades que você fez?

Na maioria das vezes, tentar acertar o fundo ou topo de um ativo é um ilusão, que tende a acabar em retornos bem abaixo do índice.

Este estudo é citado em praticamente todos os livros de Asset Allocation (Alocação de Ativos) que li, pois a diferença realmente é enorme.

Market Timing pode ser tentador, afinal, a sensação de fechar uma posição vencedora e acima da média do mercado é boa.

Porém, no longo prazo é um tiro no pé…

Sempre que você estiver tentado em querer acertar o olho da mosca na sua próxima operação lembre-se deste estudo da Dalbar e imagine que em 20 anos a diferença seria de incríveis US$ 352.401 para um capital inicial de US$ 100.000.

O que você pode fazer:

  • Lembre-se que o futuro é incerto e que você não tem controle sobre o mercado.
  • Procure indexar sua carteira de ações através de ETFs.

4. O Erro é sempre dos outros

erro-dos-outros

Problema:

  • Seu prejuízo é sempre culpa dos “tubarões”, dos governos, da astrologia (?)

Imagine a cena:

Você compra aquela ação que “não tem como cair”…

No dia seguinte ela cai -10% e o que você faz:

Põe a culpa nos “tubarões”.

– “Eles manipularam o preço do ativo…pressionaram as vendas, atingindo vários stops…esses safados…”

Ou então:

– “Por que o governo foi aumentar a taxa de juros em 1%??? O esperado não era 0,5%?”

E ainda existem os mais excêntricos que culpam a astrologia.

– “Puxa que azar. Fui investir logo agora que Júpiter está se alinhando com Saturno…”

Preciso comentar esta?

Dê uma passada nos fóruns de investimentos e você verá inúmeros exemplos de como colocar a culpa nos outros. [Na verdade, não perca seu tempo com isso…]

E, como é um fórum, as pessoas se identificam com a reclamação dos outros e a compartilham (afinal, é melhor estar errado em conjunto do que sozinho), o que cria um movimento de massa de reclamadores que não aceitam estar errados.

Novamente: “Errar é humano. Botar a culpa nos outros também.” – Millôr Fernandes

O que você pode fazer:

  • Sem querer ser rude: Tome vergonha na cara para assumir seus próprios erros!
  • Quer uma dica? Coloque uma fita ou um laço ou uma pulseira no braço direito. Toda vez que você culpar alguém, coloque-a no braço esquerdo e fique com ela o dia inteiro. Toda vez que você olhar para seu braço esquerdo e ver a fita lá relembre: “A culpa é minha. Exclusivamente minha”
  • Outra dica: Ao invés de reclamar procure soluções. O problema já está feito. Você não pode mudá-lo. A vida não é como um video-game em que você pode voltar para o início e refazer sua história. Avalie o que deu errado e o porquê deu errado.

5. Ser conservador no ganho e agressivo na perda

retorno-x-risco

Problema:

  • Para a maioria dos investidores uma perda é uma perda, não importa se é -1% ou -10%.

Quem nunca ouviu a expressão: “Hmm..agora que estou perdendo -10% essa ação ficou para longo prazo”?

É natural do ser humano não gostar de perder.

Ninguém gosta.

Porém, o problema é que a grande maioria dos investidores não vê grandes diferenças entre uma perda pequena e uma perda grande.

Para ele o que importa é se o ativo (no caso uma ação) irá voltar ao zero-a-zero, ou ponto de equilíbrio.

Deste modo, ele não sairia perdedor da operação.

Deixei este conceito para o final, pois acredito que muita, mas muita gente comete este erro.

E não apenas iniciantes…

Exemplo:

Imagine um investidor que comece com R$ 100.000.

Com estes R$ 100.000 ele comprou 1.000 lotes de uma única ação que vale R$ 100.

Entretanto, após 1 meses esta ação está valendo R$ 90. Uma perda de -10%.

Este investidor possui 2 opções:

A) Continuar com o ativo. Clássico: “vou somente esperar voltar ao equilíbrio para vendê-la e sair sem prejuízo”.

B) Vender o ativo e adotar uma estratégia de diversificação, investindo em várias classes e vários ativos.

A maioria dos investidores (diferentemente de vocês! – eu espero) escolheria a opção “A”.

A razão é que a opção 2 forçaria o investidor a vender o ativo no prejuízo para começar uma nova estratégia.

Entretanto, esta é a atitude mais sensata. E digo o porquê:

As duas situações começam no mesmo patamar. Com o mesmo capital R$ 90.000 ou uma perda de -10%.

Deste ponto para frente, o retorno dependerá somente e exclusivamente da alocação de ativos da carteira.

O investidor pode continuar com um único ativo e tentar a sorte através de um alto risco.

Ou realizar que o importante é olhar como sua carteira está hoje e o que esperar do futuro.

Digamos que estes R$ 90.000 atuais sejam as economias de um trabalhador durante longos 10 anos.

Você preferiria ter R$ 90.000 investidos em um único ativo sabendo do risco existente em não diversificar e poder perder ainda mais dinheiro?

Ou diversificar de vez sua carteira de investimentos e praticar o que realmente funciona no mercado?

Ainda com estes argumentos algumas pessoas prefeririam continuar com o único ativo…

Prêmio Nobel revela nossa agressividade em relação a perdas

O ser humano não tolera perdas e tende a ser mais agressivo ainda para tentar transformá-lo em lucro ou um ponto de equilíbrio.

Porém ele se esquece de que a perda no ativo pode continuar piorando, podendo ver uma vida inteira de economias indo ralo abaixo.

Vernon L. Simth, vencedor do prêmio nobel de economia de 2002, realizou um interessante experimento sobre bolhas financeiras.

O experimento mostra a tendência do ser humano a ser agressivo mesmo sabendo que um ativo possivelmente pode valer bem menos no futuro.

Eu já presenciei (pessoalmente) vários casos destes…

De pessoas que eu considero inteligente, mas que não toleravam perdas justamente por se acharem inteligentes e superiores à média.

Não quero que você seja a próxima vítima deste viés…

O que você pode fazer:

Não importa o tamanho do seu erro ou quantos ativos estão no prejuízo.

Este é o passado…

O presente é a sua carteira e como ela está alocada.

Lembre-se que 90% da variação do retorno de uma carteira está a atrelado a sua alocação de ativos.

Portanto, opte sempre por diversificar sua carteira de investimentos.

Nada lhe garante de que o ativo perdedor não continuará perdendo…

E nestas horas eu sempre lembro de uma frase que li em um dos livros sobre asset allocation:

“It’s better be safe than sorry”

“É melhor estar seguro do que arrependido”

Cuide-se!

Aguardo você na próxima lição da semana que vem!

Na lição #6 você irá conhecer quais são os outros 5 erros fatais que podem destruir seus investimentos.

Para falar a verdade, eles são ainda mais perigosos do que esses 5 erros apontados nesse artigo.

Forte Abraço,

Henrique Carvalho

Índice das 10 lições do MiniCurso HC Investimentos

  • Lições Completas (Continue no Ritmo!) 🙂

1: Como Diversificar uma Carteira de Investimentos

2: 66% dos Fundos Ativos Perdem para o Ibovespa. Conheça o Efeito Dunning-Kruger

3: Você sabe o que determina 90% do retorno de sua carteira?

4: O que um Treinador de Futebol pode Ensinar Você sobre Investimentos?

  • Você Está Aqui:

5: Você comete algum destes 10 erros mais comuns dos investidores? [Parte #1]

  • Na Próxima Lição:

6: Você comete algum destes 10 erros mais comuns dos investidores? [Parte #2]

  • Lições Restantes do MiniCurso:

7: Como montar um planejamento que realmente funcione?

8: Como minimizar os custos de uma carteira de investimentos?

9: Saiba Quais Ferramentas Utilizar para Investir Melhor

10: A Última Fronteira que Separa Você do Sucesso Financeiro

P.S.

Se você está gostando desse MiniCurso, você irá adorar nosso eBook sobre Alocação de Ativos.

Saiba mais sobre a estratégia que ajuda você a comprar na baixa e vender na alta, tirando as fortes emoções do mercado.

Clique aqui para saber mais sobre o eBook.

 

eBook-alocacao-ativos