Vamos continuar nossa saga avaliando os principais erros cometidos pelos investidores.

Se você por algum motivo perdeu a parte #1 não deixe de ler! 🙂

Nela, vimos:

1. Como evitar altos custos
2. Como lidar com o excesso de informação
3. O porquê market timing é uma ilusão
4. Como evitar culpar os outros pelos nossos próprios erros
5. O perigo de ser agressivo com perdas

Nesta parte II veremos:

6. Como e porque diversificar

7. Como evitar se prender a perdas em um único ativo

8. Como definir uma estratégia de investimentos

9. O porquê você deve olhar para o risco de sua carteira

10. O porquê você deve continuar estudando sobre investimentos

6. Pouca (ou nenhuma…) Diversificação

Problema:

• Você concentra demais sua carteira e está sujeito grandes variações de retorno.

Muita gente se prende na seguinte ilusão:

Quem é o maior investidor do mundo?

Warren Buffett.

O que ele diz?

“Diversification is protection against ignorance, it makes no sense if you know what you are doing.” – Warren Buffett

E o que o investidor faz?

Segue cegamente esta frase achando que só é possível ficar rico arriscando.

Afinal, ele pensa: “A diferença entre risco e rico é apenas o “s” de segurança…”

Você consegue identificar os problemas desta visão?

1. A menos que você seja Warren Buffett, é bem capaz de você não saber o que está fazendo. Pior. Você acha que sabe o que está fazendo.
2. A menos que você tenha uma bola de cristal para prever o futuro, a incerteza continuará existindo, mesmo que você seja um ótimo analista.
3. Um estudo sobre as posições de Buffett comprovam que ele diversifica bem mais dizem por aí.

A realidade é que você precisa diversificar sua carteira para poder se preparar para diversos cenários econômicos.

Não diversificar é achar que a sua visão está correta e irá se concretizar.

O mercado está repleto de casos de grandes empresas que apresentaram enorme prejuízo em um curto espaço de tempo:

• Você lembra do caso Sadia (SDIA4) em que as ações chegaram a cair -42% por conta de um mega prejuízo de quase R$ 1 Bilhão em operações financeiras (neste caso derivativos)?
• Ou a perda de -67% da Petrobrás (PETR4) no período da crise de 2008 (5 meses)?
• Ou da queda próxima de -50% da Mafrig (MRFG3) somente em agosto de 2011 (1 mês)?

Você ainda ainda vê segurança mesmo investindo em grandes empresas?

O que você pode fazer:

• Diversificação! Escolha mais classes, mais ativos. Somente este passo irá diminuir a influência da incerteza em sua carteira.
• Lembre-se desta frase: “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.” – Sócrates.

7. Focar na perda de 1 ativo ao invés de olhar toda a carteira

Problema:

• Olhar para a rentabilidade individual de um único ativo ao invés da carteira completa.

Este é um problema comum para quem está começando a diversificar.

Basta ver um único ativo no vermelho que a pessoa se sente incomodada.

Não importa se ela está com retorno de 10% no ano, mas se um único ativo apresenta uma perda de -50% a situação logo fica feia…

Ninguém gosta de perder.

Porém, você pode ter ativos com perdas de -50% e, ainda assim, estar ganhando dinheiro.

Parece estranho? Siga este pensamento:

O que realmente importa é a sua alocação no ativo em relação à carteira.

Logo, se você investe 100% de sua carteira neste único ativo uma perda de -50% seria uma perda total de -50%. [100% * -50%]

Porém, se você aloca 50% de sua carteira neste ativo, você teria uma perda menor, de -25%. [50% * -50%]

Se a alocação for de 2%, a perda total seria de -1%. [2% * -50%]

Logo, é extremamente importante saber previamente o quanto você irá alocar em cada ativo e classe de investimento.

Suponha que você opte por uma alocação de 20% em ações e 80% Renda-Fixa.

Depois de 1 ano o investimento em ações caiu -20%.

Logo, a perda das ações em relação ao total é de -4%. [20% * -20%]

Deste modo, você saberia me dizer qual deve ser o rendimento na Renda-Fixa para neutralizar a perda das ações?

Se você disse 5% parabéns!

Afinal, 80% (alocação em Renda-Fixa) * 5% (rentabilidade) = 4%.

Logo, mesmo com uma queda de -20% nas ações você conseguiu neutralizá-la com um ganho de apenas 5% em Renda-Fixa.

Sabendo que os juros do Brasil costuma ser maior do que 10%, que tal calcular a rentabilidade total usando este valor de 10% na Renda-Fixa?

80% (alocação em Renda-Fixa) * 10% (rentabilidade) = 8%.

Logo, a rentabilidade total da carteira seria de 4% [8% da Renda-Fixa – 4% das Ações].

A lógica é simples! Pratique a alocação de ativos.

O que você pode fazer:

• Pare de pensar em uma perda isolada na carteira e preocupe-se apenas com o resultado geral dela.
• Saiba que é normal possuir um ativo com rentabilidade negativa em uma carteira de sucesso. Você não precisa acertar em todos os investimentos.

8. Ausência de uma estratégia bem definida

Problema:

• Você toma decisões não planejadas e normalmente não tem certeza se a decisão tomada é a correta.

Ter uma estratégia previamente definida é extremamente importante para o sucesso.

Principalmente porque irá evitar todos os vieses naturais do ser humano.

Retirando o aspecto psicológico, você garante menos erros no momento de investir.

Quando não temos a habilidade necessária para tomar nossas próprias decisões procuramos alguém com experiência para nos apoiar.

O difícil é saber exatamente em quais pessoas você pode confiar.

Nesta busca, muitos investidores acabam seguindo dicas de “gurus” nos fóruns de investimentos.

Ou seguindo conselhos de amigos, parentes e até mesmo do gerente de banco (este talvez seja o mais perigoso).

O problema é que uma decisão pode ser correta para tipo de investidor, porém, totalmente errada para você.

Muitas variáveis estão em jogo:

1. Nível de aversão ao risco
2. Prazo de investimento
3. Tipo de estratégia utilizada

Logo, um investidor opera através da Análise Técnica, realizando trades, pode ficar muito preocupado se o ativo comprado cai -5%.

Entretanto, um investidor que pratica a alocação de ativos não está nem aí se um ativo de sua carteira caiu -5%, já que sua alocação nele é de apenas 2%.

No primeiro caso, o operador poderia até vender a posição no prejuízo, ativando seu stop de perda.

Já o investidor que investe com foco no longo prazo, poderia aumentar sua posição no ativo.

Mesmo ativo, mesma rentabilidade, mas atitudes diferentes…

O que você pode fazer:

• Identifique-se com um método de investimento. (que tal conhecer a alocação de ativos?)
• Estude bastante e nunca pare de estudar. Sugestão: Leia ótimos livros de investimentos.
• Procure dar atenção apenas a pessoas que você conhece, gosta e confia.

9. Foco no Retorno. Quem se importa com Risco?

 

Problema:

• Você olha apenas para o retorno de um determinado ativo, mas não leva em conta a variação deste retorno ao longo do tempo.

O exemplo é simples:

Imagine dois ativos.

Ambos possuem o mesmo retorno médio de 10%.

Entretanto, o ativo #1 apresentou a seguinte sequência de retorno ao longo de 5 anos:

Retornos Ativo #1

-20% | -10% | 10% | 30% | 40% (Média = 10%)

Já o ativo #2 apresentou estes retornos no mesmo período:

Retornos Ativo #2

7% | 8% | 9% | 12% | 14% (Média = 10%)

Qual ativo você escolheria?

A escolha natural seria escolher o ativo #2 correto?

Afinal, os retornos do ativo #2 são mais “garantidos” do que o retorno do ativo #1.

Entretanto, é provável que alguém tenha escolhido o ativo #1 alegando que o retorno é o mesmo. Então, não existe diferença…

Porém, o retorno não é o mesmo! E a diferença é grande…

Note que estamos analisando a média dos retornos.

Se cada carteira começasse com R$ 100,00 o ativo #1 teria, ao final dos 5 anos, um valor de R$ 144,14.

Já a carteira de R$ 100,00 com o ativo #2 teria, no mesmo período, um valor de R$ 160,83.

É a diferença entre ganhar 60,83% e 44,14%.

Veja a imagem abaixo para comparar os 2 ativos:

Note que o retorno composto anual do ativo #2 [9,97%] é bem próximo dos 10% (retorno médio).

Quanto menor o risco de um ativo, menor será a diferença entre o retorno médio e o retorno composto. [e vice-versa]

Note que o alto risco anual de 25,50% fez com que, embora a média do retorno fosse a mesma do ativo #1 (10%) o retorno composto do ativo #2 é de apenas 7,59%.

Baixe a planilha com estes cálculos caso deseje saber em detalhes como são feitos estes cálculos.

Mas o que explica esta diferença nos resultados, se a média dos retornos é a mesma?

Conheça o Ponto de Equilíbrio (ou Break-Even)

Faça as contas: Se você começa com R$ 100,00 e perde -20% quanto terá?

R$ 80,00 correto?

E para voltar para o patamar inicial (R$ 100,00) você deve ganhar quanto?

Se você respondeu 20% faça as contas! 🙂

80 * (1 + 0,20) = R$ 96,00.

A resposta correta seria: 25%.

Se você perder -50% precisará de um ganho de 100% para recuperar a perda…

Quanto maior a perda, maior será o ganho necessário para o ponto de equilíbrio (zero-a-zero).

O gráfico tem uma proporção exponencial que chega a assuntar!

Não é à toa que Warren Buffett diz a seguinte frase sobre investimentos:

Regra #1: Nunca perca dinheiro

Regra #2: Nunca esqueça a Regra #1

O que você pode fazer:

• É fundamental saber que retorno e risco são variáveis proporcionais. Se você está buscando um retorno além dos títulos indexados a Selic você deve estar disposto a correr maiores riscos.
• Aprenda a calcular o risco de sua carteira através da planilha de risco.
• Risco, nos investimentos significa volatilidade, que é medida através do conceito estatístico de desvio-padrão. Sabia mais sobre desvio-padrão.

10. Não se compromete de verdade a estudar mais sobre investimentos

Problema: 

• Você tende a achar é mais inteligente do que a média e não se esforça para aprender mais sobre o mercado

“There is no wealth like knowledge, no poverty like ignorance.” – Ali ibn Abi-Talib

Conhecimento é a maior divindade do ser humano.

Afinal, ele sempre irá acompanhar você, não importa a sua situação financeira.

Não é à toa que a maioria das pessoas que ganham em loterias voltam a ser pobres anos depois.

Em sua maioria, elas não tem o conhecimento de como lidar com esse dinheiro e acabam torrando tudo com passivos.

Imóveis, carros de luxo, viagens…

Elas se preocupam mais em ter do que ser.

E no munto atual em que 24 horas parecem não serem suficientes para um dia, muita gente não estuda finanças.

Mesmo que você já tenha um bom conhecimento sobre investimentos, você nunca deve parar de estudar.

O mercado é muito dinâmico. Novas possibilidades de investimentos são lançadas (ou retiradas) ano após ano.

Uma carteira bem diversificada hoje pode ser diferente daqui a um ano.

Logo, você deve estar atualizado sobre as opções de investimentos disponíveis.

Além disso, é importante continuar estudando sua estratégia de investimentos.

No caso da alocação de ativos, por exemplo, você pode testar como a sua atual carteira se comportaria em anos de crise.

O que você pode fazer:

• Conhecer o Método da Alocação Mínima para saber onde destinar seus aportes mensais.
• Saber como otimizar carteiras de modo simples pelo Excel.
• Ou ainda ler novos livros de investimentos. Veja minhas indicações.
• Lembre-se: Conhecimento nunca é demais!

Aguardo você na próxima lição da semana que vem!

Na lição #7 você irá aprender como montar por conta própria um planejamento financeiro que realmente funcione.

E fique tranquilo. É tão simples quanto fazer miojo. 🙂

Forte Abraço,

Henrique Carvalho

Índice das 10 lições do MiniCurso HC Investimentos

• Lições Completas (Continue no Ritmo!) 🙂

1: Como Diversificar uma Carteira de Investimentos

2: 66% dos Fundos Ativos Perdem para o Ibovespa. Conheça o Efeito Dunning-Kruger

3: Você sabe o que determina 90% do retorno de sua carteira?

4: O que um Treinador de Futebol pode Ensinar Você sobre Investimentos?

5: Você comete algum destes 10 erros mais comuns dos investidores? [Parte #1]

• Você Está Aqui:

6: Você comete algum destes 10 erros mais comuns dos investidores? [Parte #2]

• Na Próxima Lição:

7: Como montar um planejamento que realmente funcione?

• Lições Restantes do MiniCurso:

8: Como minimizar os custos de uma carteira de investimentos?

9: Saiba Quais Ferramentas Utilizar para Investir Melhor

10: A Última Fronteira que Separa Você do Sucesso Financeiro

P.S.

Se você está gostando desse MiniCurso, você irá adorar nosso eBook sobre Alocação de Ativos.

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