Estudos Comprovam:
90% da variação do retorno em uma carteira de investimentos está atrelado à sua alocação de ativos
Os 10% restantes estão ligados ao timing, ou seja, o momento em que o investidor entra e sai de uma posição, e ao asset picking, os ativos que ele escolhe dentro de uma determinada classe.
Ignorar estes números significa diminuir a probabilidade de você alcançar o sucesso no mercado.
Porém, caso ainda não tenha uma estratégia de alocação de ativos definida ou ainda não esteja convencido de sua importância, não tem problema!
Continue lendo este artigo, pois ele terá como ênfase:
- Analisar o retorno dos diversos ativos (e classes de investimentos) em 2011.
- Buscar relações entre alocação de ativos, o retorno e risco de diferentes carteiras simuladas.
- Uma surpresa no final do artigo [Bônus]! Conto com a participação de todos! 🙂
1. Alocação de Ativos: Retorno Principais Ativos em 2011
2011 teve seu primeiro semestre marcado pela subida dos juros (Selic), o que colaborou para uma fuga dos ativos de maior risco (ações) para ativos mais seguros (como títulos públicos).
O Ibovespa terminou este primeiro semestre de 2011 com uma rentabilidade em torno de -10%.
Na média, podemos dizer que o investidor que alocou 100% em ações está com um retorno próximo de -10%.
Se considerarmos os custos, estes números podem ser ainda piores.
Pior, o investidor que investiu 100% em ações nos últimos 3 anos estaria com um retorno negativo.
Apenas para efeito de comparação o CDI estaria rendendo em torno de 35% no mesmo período.
Se você ainda investe todo seu capital em ações sugiro ler a série de artigos:
3 razões para não investir em ações – Parte I | Parte II | Parte III.
Entretanto, acredito que a maioria dos leitores do HC Investimentos estejam acostumados com o termo alocação de ativos, dado o último artigo sobre as 5 vantagens da Alocação de Ativos.
Estudo sobre Alocação de Ativos
Com o intuito de reforçar a importância de se adotar a estratégia de alocação de ativos preparei um pequeno estudo sobre como as carteiras diversificadas estariam performando neste primeiro semestre de 2011.
2. Alocação de Ativos: Diferentes alocações, Diferentes Retornos e Riscos
Neste estudo vamos supor três tipos de alocações diferentes visando entender como a ampla diversificação pode ajudar você a melhorar a relação retorno x risco de sua carteira de investimentos.
Observação: Apesar do estudo ser feito apenas em cima de 6 meses os conceitos podem ser aplicados para investimentos de longo prazo, conforme já testei em estudos com mais de 10 anos de dados.
Alocação de Ativos #1: (Apenas dois ativos)
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O investidor que optou por diversificar apenas em BOVA11 (70%) e LFT com vencimento em 2015 (30%) obteria neste primeiro semestre de 2011 um retorno de -5,49% e um risco de 6,19%.
Notem que somente diversificando 30% em LFT 2015 o investidor conseguiria reduzir o risco de sua carteira de investimentos em mais de 50%, já que o risco do Ibovespa foi de 16,28% e da carteira 6,19%.
Como nem todos estão acostumadas com o cálculo de risco, sugiro baixarem a planilha de risco que disponibilizei aqui mesmo no blog.
Olhando os retornos mensais da carteira é possível perceber que os resultados tendem a se comportar dentro de uma faixa.
Isso ocorre devido os 30% aplicados em LFT, que apresenta resultados bem constantes, evitando que a alta volatilidade da Bolsa gere uma alta volatilidade para a carteira.
Entretanto, esta é uma diversificação muito simples e que pode ser melhorada.
Alocação de Ativos #2: (Diversificação Dentro da Classe)
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Nesta segunda simulação adicionamos novos investimentos dentro mesma classe (categoria). Não adicionamos nenhum fundo imobiliário, assim como nenhum ativo cambial.
Reduzimos a alocação em ações (para 50%), distribuindo ela em 30% em BOVA11 e 20% SMAL11. O objetivo era aproveitar um pequeno (mas importante) potencial de diversificação nas small caps.
Na categoria de Renda-Fixa diversificamos entre títulos públicos pós-fixados (LFT 2015), pré-fixados (LFT 2015) e indexados a inflação (NTN-B Principal 15, 24 e 35).
Os resultados melhoraram substancialmente!
Agora temos um retorno de -1,73% (contra -5,49% anterior) e um risco de 6,06% (contra 6,19% anterior).
Os números nos mostram que foi possível aumentar o retorno e reduzir o risco.
É importante lembrar (novamente) que em dados mais longos os resultados, apesar de serem ligeiramente parecidos, não são tão ótimos como neste período de 6 meses.
Afinal, aumentar o retorno em 4% em um semestre e ainda diminuir o risco seria bom demais para ser verdade.
O objetivo é mostrar como a diversificação entre uma mesma classe é importante.
É por isso que invisto nos 3 tipos de títulos públicos e procuro manter uma diversificação entre BOVA11 (ou PIBB11 ou os dois!) e SMAL11.
Alocação de Ativos #3: (Ampla Diversificação)
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Você lembra quando falei no artigo sobre as 5 Vantages da Alocação de Ativos sobre o modelo 4-3-2-1?
Para aqueles que ainda não conhecem o conceito, vou explicar rapidamente. Ele é bem simples, pois os números representam a alocação que busco seguir nas seguintes classes de investimentos:
40% Renda-Fixa
30% Ações
20% Fundos Imobiliários
10% Câmbio
Nesta simulação temos os resultados exatamente deste modelo, embora os ativos que tenho em carteira não sejam exatamente estes. Mas os resultados que obtive neste primeiro semestre são bastante parecidos com esta carteira! 🙂
Renda-Fixa
Na categoria de Renda-Fixa temos 15% investidos em pós-fixados, 15% em pré-fixados e 10% em indexados a inflação, sendo que os títulos de longo prazo possuem menor alocação dado seu maior risco.
Fundos Imobiliários
Nos fundos imobiliários a alocação é equilibrada, de 2% para cada um dos 10 fundos. Esta seria a diversificação ideal (na minha visão) neste classe.
Caso não seja possível investir em 10, procure no mínimo ter 5 fundos imobiliários em sua carteira.
Câmbio
Ao investir em câmbio atua mais como uma medida de proteção a carteira do que busca aumentar o retorno.
O retorno esperado do investimento em dólar e euro é próximo de zero, sendo relevante nos momentos de crise em que é preciso liquidez (em moeda estrangeira) para aproveitar o desespero no mercado para encher o carrinho de ações em promoção. 🙂
O Ouro recebeu maior alocação (o dobro) do que o dólar e euro, pois atua como um duplo hedge cambial. Basicamente, ele ajuda na proteção contra a queda da bolsa e contra uma eventual queda nos papéis-moeda.
Saiba mais sobre como investir em ouro.
Esta classe de investimentos é a única que pode ser retirada de uma estratégia de alocação de ativos, principalmente para investidores que ou tem pouco capital ou ainda estão se acostumando com o conceito de alocação de ativos.
Ações
20% alocados em large caps (PIBB11 e BOVA11) e 10% em small caps.
Estas alocações dependem muito do perfil de risco do investidor, mas investindo através de um fundo de índice os benefícios da estratégia aumentam.
No longo prazo, espera-se (na teoria) que small caps obtenham um retorno maior do que large caps. Entretanto, este retorno adicional vem junto com um risco adicional. Não existe almoço grátis!
Estatísticas da Carteira
Com um retorno de 1,54% e um risco de apenas 4,07% esta carteira mostrou-se uma melhor opção do que as demais carteiras menos diversificadas acima.
Ao espalhar mais seus investimentos espera-se que você consiga diminuir o risco de sua carteira, tanto no curto prazo como no longo prazo.
Note como os retornos mensais se comportaram nesta carteira. Mínima de -1,48% e máxima de 1,78%.
Se você quiser contar histórias para seus amigos de como conseguiu 10% ou mesmo 20% em um mês, a alocação de ativos definitivamente não é para você.
Entretanto, se você quiser prosperar no mercado no longo prazo através de rendimentos um pouco mais constantes, porém crescentes, bem-vindo a alocação de ativos!
Aliás, com maior tempo no mercado você percebe que quem realmente ganha dinheiro no mercado é geralmente quem menos fica contando histórias por aí.
Uma pergunta frequente
Compare os resultados da carteira com o investimento em LFT 2015.
Retorno: Carteira = 1,54% | LFT = 5,53%
Risco: Carteira = 4,07% | LFT = 0,36%
Isso não significa que seria melhor investir 100% em LFT?
Se você tiver uma bola de cristal mágica e me disser que daqui a 10 anos o melhor investimento será LFT…Sim!
Entretanto, se você está no mundo real e sabe que não é possível adivinhar o mercado, a resposta é Não!
Por quê? Porque no longo prazo, as ações tendem (na teoria) a apresentar um retorno maior do que os títulos pós-fixados.
Não só ações, mas também fundos imobiliários, títulos indexados a inflação e títulos pré-fixados.
Afinal, a relação retorno e risco é diretamente proporcional. Quanto maior o retorno maiores as chances do risco também ser elevado.
Além disso, se você juntar todos estes investimentos em sua carteira, melhorará a relação entre retorno e risco no longo prazo.
Portanto, diversifique!
Amadores focam em rentabilidade.
Profissionais focam no risco
Como você está gerenciando o risco de sua carteira?
3. Bônus Prometido!
Na verdade não é apenas 1 bônus, mas 2 bônus!
Bônus #1 – Escolha sua alocação de ativos!
Eu poderia simular diversas opções de alocações de ativos e analisá-las aqui neste artigo.
Entretanto, não é todo mundo que adora ler um artigo de mais de 5.000 palavras. E este já está em 1.700…
Deste modo pensei:
Por que não lançar no blog uma Série Interativa sobre Alocação de Ativos?
Ela funcionará do seguinte modo:
Série: Alocação de Ativos na Prática
1. O leitor escolherá uma alocação para sua carteira baseada somente nestes ativos que foram abordados neste artigo.
A rentabilidade destes ativos será contabilizada a partir de julho. Logo, vocês já ganharam de bônus uns 15 dias! 😉
Não será possível modificar a carteira durante a série. Portanto, escolha bem a sua alocação de ativos!
2. Coletarei os dados enviados por vocês e produzirei uma análise mensal sobre como as carteiras (inclusive a que eu montar) estão indo e faço alguns comentários sobre as diversas carteiras.
Analisarei o porquê algumas carteiras não estão bem diversificadas, mostrarei possíveis riscos de outras carteiras e ainda pretendo criar gráficos de comparação das carteiras enviadas (tanto entre os participantes como com o CDI e Ibovespa, por exemplo).
Eu sei…isso pode ser um trabalho monumental para uma única pessoa…mas se você quiser ser excelente em um assunto, a melhor maneira de alcançar a excelência é entregando o seu melhor não é mesmo?! 🙂
3. A série Alocação de Ativos na Prática terá como prazo final o ano de 2011. A partir daí podemos, caso haja interesse, continuar a série para todo o ano de 2012.
Quais NÃO são os objetivos desta série?
A série Alocação de Ativos na Prática não pretende ser mais uma daquelas que visa eleger uma “melhor estratégia” baseada nas alocações que serão montadas.
Sabemos que 6 meses é um período muito curto para analisar os resultados.
Porém, conforme vimos através deste artigo, mesmo um período de 6 meses podem nos trazer importantes informações sobre o funcionamento de uma estratégia de alocação de ativos.
Portanto, o objetivo não será apontar um vencedor nem perdedor.
Quais são os objetivos da série?
- Aprendermos como o movimento do mercado influência as carteiras de investimentos.
- Desenvolvermos uma cultura de diversificação de carteiras. Vamos mostrar para os investidores como a alocação de ativos pode trazer a tranquilidade e os resultados necessários que todo investidor necessita.
- Maior interação entre os leitores do HC Investimentos.
Bônus #2 – Download da planilha através da newsletter HC Investimentos
Você reparou nos dados da planilha que desenvolvi especialmente para este artigo?
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Não seria legal se você pudesse montar sua alocação de ativos diretamente através desta planilha?
O interessante é que os dados e os gráficos se atualizam conforme você muda sua alocação de ativos. E, mais para a direita desta imagem, eu coloquei uma tabela com o retorno e risco de cada ativo.
Deste modo, você pode ver em um única tela qual foi o retorno e risco de cada ativo nos últimos 6 meses.
Faça simulações, veja como o retorno e o risco da carteira mudam conforme você escolhe diferentes alocações para os ativos.
Se você quiser analisar os dados desde 2010, você pode fazê-lo ao clicar na outra aba.
clique na imagem para ampliar
Nesta aba de rentabilidades mensais você poderá ver como calculei o retorno (em 2011 e anualizado), além do risco de cada investimento e do risco da carteira.
Como fazer o download da planilha?
É bem simples! Basta se cadastrar em nossa newsletter que você receberá automaticamente esta planilha. (entre outros benefícios!)
Coloque agora seu email no campo abaixo e clique em “inscreva-se!”
Se você já é cadastrado na newsletter basta verificar sua caixa de email com a planilha e com a minha alocação de ativos para esta série.
Como você pode submeter a sua alocação?
Basta reenviar a planilha preenchida com a sua alocação de ativos para o email que lhe foi enviada a planilha.
Lembre-se de dar uma nome para sua carteira. Pode ser seu próprio nome mas, se preferir, coloque um nome que seja fácil identificá-lo (ex: Valores Reais para o meu amigo Guilherme).
Estarei aceitando submissões até o final do dia 31/07. Mas não espere até lá para enviar sua alocação! 🙂
Espero que vocês, assim como eu, possamos aprender bastante com a série: Alocação de Ativos na Prática!
Dúvidas? Deixe um comentário no final deste artigo.
Conclusão
Quem investe através da estratégia de Alocação de Ativos sabe exatamente que um ano ruim no Ibovespa não significa um resultado ruim para a carteira.
A queda na bolsa é até saudável para este investidor porque ele poderá aumentar sua alocação em ações através de um preço mais barato.
Não deixe para pensar em diversificar apenas quando tiver bastante capital. Compreender as vantagens da alocação de ativos desde cedo ajuda você a se preparar para encarar o mercado no longo prazo.
Gerenciar o risco através de uma sólida estratégia de alocação de ativos é um dever que cada investidor deveria seguir. Afinal:
Amadores focam em rentabilidade. Profissionais focam no risco
Participe da série Alocação de Ativos na Prática e aprenda como diversificar de maneira correta sua carteira de investimentos.
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