A relação Risco x Retorno é um dos conceitos mais importantes que você precisa saber sobre investimentos.
Infelizmente, a grande maioria dos investidores olha apenas para um lado da equação, o retorno.
Para eles, o que interessa é descobrir qual é o ativo com maior retorno, independente do nível de risco desse ativo.
Nesse artigo espero deixar claro que compreender o conceito de risco como volatilidade e entender o porquê geralmente um maior retorno está ligado a um maior risco.
Continue lendo esse artigo para:
- Analisar dois simples exemplos que ilustram a relação risco x retorno
- Entender o que é Break-Even e sua importância
Risco x Retorno: Exemplo 1
Suponha que eu ofereça a você duas opções:
- Opção #1: Receber R$ 9.000 garantidos
- Opção #2: 95% de chance de ganhar R$ 10.000 e 5% de chance de você perder R$ 10.000.
Eu tenho praticamente certeza de que você escolheu a opção #1, recebendo os R$ 9.000 garantidos.
Entretanto, ambas as opções tem o mesmo valor esperado de R$ 9.000.
O que diferencia estas escolhas e faz você escolher a primeira opção é o fato do retorno ser garantido, ou seja, sem nenhum risco envolvido.
A preferência pela opção mais segura mostra a tendência do ser humano a certo nível de aversão ao risco.
Praticamente todas as pessoas possuem uma aversão ao risco, sendo que umas são mais avessas ao risco do que outras.
Risco x Retorno: Exemplo 2
Esse segundo exemplo envolve uma situação parecida, porém, com 2 ativos apresentando uma mesma média de retorno ao longo de 5 anos.
Suponha que dois ativos possuem o mesmo retorno médio de 10%.
Entretanto, o ativo #1 apresentou a seguinte sequência de retorno ao longo de 5 anos:
Retornos Ativo #1
-20% | -10% | 10% | 30% | 40% (Média = 10%)
Já o ativo #2 apresentou esses retornos no mesmo período:
Retornos Ativo #2
7% | 8% | 9% | 12% | 14% (Média = 10%)
Qual ativo você escolheria?
A escolha natural seria escolher o ativo #2 correto?
Afinal, os retornos do ativo #2 são mais “garantidos” do que o retorno do ativo #1.
Entretanto, é provável que alguém tenha escolhido o ativo #1 alegando que o retorno é o mesmo entre ambos os ativos.
Logo, é indiferente escolher entre o ativo #1 e o ativo #2.
Porém, o retorno não é o mesmo! E a diferença é grande…
Note que estamos analisando a média dos retornos.
Se cada carteira começasse com R$ 100,00 o ativo #1 teria, ao final dos 5 anos, um valor de R$ 144,14.
Já a carteira de R$ 100,00 com o ativo #2 teria, no mesmo período, um valor de R$ 160,83. É a diferença entre ganhar 60,83% e 44,14%.
Veja a imagem abaixo para comparar os 2 ativos:
Note que o retorno composto anual do ativo #2 [9,97%] é bem próximo dos 10% (retorno médio).
Entretanto, apesar do retorno médio do Ativo #1 também ser de 10%, seu retorno composto é de apenas 7,59%.
Mas o que explica essa diferença nos resultados, se a média dos retornos é a mesma?
Conheça o Ponto de Equilíbrio (Break-Even)
Faça as contas: Se você começa com R$ 100,00 e perde -20% quanto terá?
R$ 80,00 correto?
E para voltar para o patamar inicial (R$ 100,00) você deve ganhar quanto?
Se você respondeu 20% faça as contas!
80 * (1 + 0,20) = R$ 96,00.
A resposta correta seria: 25%!
Se você perder -50% precisará de um ganho de 100% para recuperar a perda…
Quanto maior a perda, maior será o ganho necessário para o ponto de equilíbrio (zero-a-zero).
O gráfico tem uma proporção exponencial que chega a assustar!
Logo, como o ativo #1 obteve perdas nos dois primeiros anos desta análise, tornou-se mais difícil para esse ativo manter o mesmo retorno acumulado em relação ao ativo #2.
Tecnicamente, quanto maior a variação do retorno de um ativo (maior risco), maior será a diferença entre seu retorno médio e o retorno composto.
Logo, como o ativo #1 possui uma variação muito maior do que o ativo #2, seu retorno acumulado e composto é menor do que o ativo #2.
Não é à toa que Warren Buffett diz a seguinte frase sobre investimentos:
- Regra #1: Nunca perca dinheiro
- Regra #2: Nunca esqueça a Regra #1
Conclusão
Esse breve artigo é uma pequena parte do capítulo 2 do eBook sobre alocação de ativos que lançarei no dia 13/03 (terça-feira).
Embora essa introdução seja básica, esse capítulo 2 sobre risco é um dos pilares do eBook e talvez tenha sido o que mais demandou minhas energias para escrever.
Escrever sobre temas como volatilidade, desvio-padrão, simulação de cenários de stress em uma linguagem simples e direta ao pequeno investidor sem perder a relevância do tema foi minha principal meta nesse capítulo e acredito ter cumprido muito bem após longas noites de trabalho.
Dentro desse capítulo 2 sobre Risco você encontrará:
- Um pouco de latim para explicar risco: ex-ante e ex-post
- A influência dos riscos ocultos nos investimentos
- [Estudo de Caso] O problema do peso mexicano
- O Risco como Volatilidade (Desvio-Padrão)
- Jogos de Cara e Coroa para explicar risco de forma simples
- Retorno e Risco de diversos ativos
- Índice de Sharpe
- Simulando Cenários de Stress
Todos esses pontos em apenas 1 dos 7 capítulos que compõem o eBook.
Aqui está uma imagem do eBook sobre esse capítulo 2 (Risco)
Não é à toa que a chamada para esse capítulo é a seguinte:
Risco: Ignore-o por conta própria ou aprenda de uma vez por todas o que ele é e nunca mais acorde às 4h da manhã pensando em sua carteira de investimentos.
Se você já passou pela crise de 2008 sabe bem o que é isso e estar preparado para encarar um período desses requer muita experiência e conhecimento do investidor.
Confesso que estou ansioso para o lançamento do eBook nessa terça-feira! Trarei mais detalhes através da lista de emails e aqui mesmo no blog.
Forte Abraço!
Henrique Carvalho
*** Atualizado ***
O eBook Alocação de Ativos já foi publicado e você pode saber mais sobre ele AQUI.
(crédito das imagens: shutterstock.com)