Alocação de Ativos Negativa. É possível?

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Esse artigo é inspirado na carteira MNO que acompanhamos na série carteiras de investimentos.

Essa carteira (MNO) terminou o primeiro semestre de 2012 com uma rentabilidade de 16,46%. Para comparação, o CDI apresentou alta em torno de 5,00% e o Ibovespa em torno de -6,00%.

Além desse ótimo resultado, o índice de sharpe dessa carteira foi o maior entre as 90 carteiras analisadas, de 1,88.

Esses resultados só foram possíveis por conta de uma singularidade dessa carteira. A sua alocação fora do “normal”.

Continue lendo esse artigo para saber mais sobre:

  • Como é possível uma carteira ter alocação negativa?
  • Qual o impacto dessa alocação na volatilidade da carteira
  • Evolução de R$ 1.000 ao longo do 1º semestre de 2012 para três investimentos

Alocação da Carteira MNO

Essa carteira possui a segunite alocação:

  • (40%) Renda-Fixa
  • (25%) Fundos Imobiliários
  • (5%) Câmbio
  • (30%) Ações

Entretanto, já vou avisando que não é uma carteira “normal”, porque possui uma alocação negativa dentro de 2 classes.

Veja a sua alocação em Renda-Fixa:

Até aqui nenhuma novidade.

A carteira investe nas 3 sub-classes da Renda-Fixa:

  • Títulos Indexados à Taxa Selic (LFT 070315)
  • Títulos Prefixados (LTN 010115)
  • Títulos Indexados à Inflação (NTN-B P 2015 e 2035)

Veja a alocação dessa carteira em Fundos Imobiliários:

Aqui também nenhuma novidade.

A carteira segue o princípio básico de diversificação nos fundos imobiliários diversificando em 5 fundos.

Agora atente para a alocação em Câmbio:

Aqui a carteira apresenta a primeira surpresa.

A alocação negativa em EURO de -5% é uma aposta de que essa moeda será a que irá sofrer mais.

A ideia está apoiada na má situação financeira da Europa, com diversos países como Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália enfrentando graves problemas.

Coicidência ou não, o Euro foi o ativo cambial que menos subiu nesse ano. A rentabilidade dos ativos cambiais está deste modo no 1º semestre de 2012:

  1. Ouro: 8,20%
  2. Dólar: 7,76%
  3. Euro: 5,20%

Saiba mais como investir em ouro aqui.

Porém, a carteira ainda apresenta outras surpresas.

Veja a alocação em Bolsa:

É interessante notar como a alocação em Bolsa mescla investimentos em ETFs, como SMAL11, BOVA11 e PIBB11 (25% do total da carteira) e ações individuais.

Entretanto, note como a carteira possui -10% alocados em ações individuais. Coincidência ou não, duas dessas ações são ações do Eike Batista e que sofreram bastante recentemente.

É como se a carteira utilizasse estratégias de Long-Short para sua alocação. Nesse caso, o investidor tomaria emprestado essas 3 ações de investidores que as estejam alugando e as venderia no mesmo instante.

Seu ganho com essas ações com alocação negativa só ocorrerão se elas apresentarem rentabilidade negativa.

A lógica é que ele vendeu esses ativos a um preço maior e precisará recomprá-las a um preço menor para obter lucro.

A rentabilidade dessas três ações com alocação negativa está dessa forma em 2012:

  1. OGXP3: -60,00%
  2. BICB4: -26,55%
  3. MMXM3: -17,02%

Portanto, nota-se que a alocação negativa nessas ações proporcionaram o ganho inverso da rentabilidade dessas ações em 2012.

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Comparando a Carteira ao CDI e ao Ibovespa

Com o intuito de compara essa carteira com índices como o CDI e Ibovespa escolhi os ativos LFT 2017 e BOVA11 para representar, respectivamente, esses índices.

A carteira apresenta retornos praticamente constantes (baixa volatilidade) com apenas um mês apresentando retorno negativo.

Nesse mês de maio de 2012 o Ibovespa caiu mais de 10%, dificultando o bom rendimento dessa carteira.

Veja também a evolução de R$ 1.000 em cada um desses 3 investimentos.

Note como a carteira praticamente nem sentiu a queda do Ibovespa iniciada em março e continuou subindo apresentando rentabilidade acima do CDI.

Para os curiosos de plantão, a correlação entre a carteira e o Ibovespa é de 0,54 (54%).

Através da ampla diversificação, a carteira conseguiu uma rentabilidade 3 vezes superior ao CDI no período sem aumentar muito sua volatilidade.

O risco da carteira, medido através da volatilidade anual do retorno diário, é de apenas 6,51%. Apenas para comparação, o risco do Ibovespa no mesmo período é de 21,49%. Ou seja, 3 vezes maior do que a carteira.

Conclusão

Dos livros que já li sobre Alocação de Ativos é muito raro algum autor mencionar o uso de alocações negativas em carteiras de investimentos.

O motivo é que os custos tendem a ser maiores, assim como o acompanhamento da carteira, o nível de experiência do investidor com essa estratégia e que no longo prazo a probabilidade de um ativo apresentar perdas torna-se menor.

Antes de tudo, preciso dar um aviso muito importante. Essa alocação que estamos analisando é apenas um estudo e não deve ser replicada por nenhum investidor.

Se determinar uma alocação de ativos eficiente para nossas carteira já não é tarefa muito fácil, imagine considerar alocações negativas…

Além disso, vale lembrar que as alocações negativas dessa carteira são uma aposta de que esses determinados ativos não irão apresentar bom desempenho no longo prazo. Logo, se a rentabilidade desses ativos for alta, a carteira pode apresentar prejuízos.

Apesar das ressalvas feitas, lembre-se que toda carteira de investimentos deve estar bem diversificada e focada em sua alocação de ativos. Independente de usar ou não alocações negativas.

(crédito das imagens: shutterstock.com)

Sobre o autor

Henrique é especialista em alocação de ativos, eleito um dos 5 melhores educadores financeiros do Brasil em 2012/2013. Continue Lendo aqui!

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