Tolerância ao Risco

Conhecer nossa tolerância ao risco é fundamental para traçarmos uma estratégia de longo prazo. A nossa tolerância ao risco expressa a quantidade de volatilidade que conseguimos tolerar.

Você conseguiria ver seu portifólio tendo uma rentabilidade negativa de -10% em um ano? E se a rentabilidade fosse de -30%? -50%? Conhecer nossos limites é muito importante, porém a mensuração de nossa tolerância ao risco é muito relativa.

Quem nunca conheceu um Bear Market pode desenvolver uma tolerância ao risco bem abaixo da sua tolerância real, pois em Bear Markets severos é que nossa tolerância é testada de verdade, já que temos contato com uma grande volatilidade a qual não estávamos acostumados anteriormente.

Quantas pessoas vocês conhecem que antes da crise de 2008 acreditavam que a Bolsa os deixaria ricos, oferencendo retornos de 5% ao mês? Certamente esse pessoal alocou grande parte de seu portifólio em ações e quando a crise veio perceberam que estavam bem acima de sua tolerância ao risco.

Logo, abandonaram sua estratégia e partiram para a Renda-Fixa. Estas pessoas sofreram por 2 motivos: (1) A perda de seu capital com ações, saindo perto do fundo do ano e (2) a perda da oportunidade de continuar na bolsa e recuperar parte do prejuízo na retomada da bolsa em 2009.

Um bom método para entendermos os riscos dos investimentos é olharmos sob uma perspectiva histórica, analisando o range (faixa) de suas flutuações. (Clique na imagem para ampliar)

Modelando a Tolerância ao Risco_Retornos Anuais (1994-2009)

Modelando a Tolerância ao Risco_Retornos Anuais (1994-2009)

O gráfico acima nos mostra os retornos anuais da Selic (colunas verdes) e do Ibovespa (linha vinho) no período de 1994 até 2009. Além dos retornos anuais podemos facilmente identificar o range das flutuações do Ibovespa.

A linha preta nos mostra qual foi a média (aritmética) do retorno do Ibovespa. As outras linhas horizontais nos mostram os desvios-padrões dos retornos da Bolsa. A interpretação é que entre a linha vermelha fraca e a linha azul fraca temos um range de 68% dos retornos anuais do ibovespa. Ou seja, os retornos tendem a se comportar dentro dessa faixa (-10% até 60%) em 68% do tempo, ou 2 anos a cada 3 anos.

Já entre a linha vermelha mais grossa e a linha azul mais grossa temos um range que engloba 95% dos retornos do Ibovespa. Os retornos entre essas linhas se comportam dentro desta faixa (-40% até 95%) em 95% do tempo.

Tendo uma idéia do range das flutuações da Bolsa podemos modelar um portifólio com Selic e Ibovespa para buscarmos descobrir nossa tolerância ao risco. (Clique na imagem para ampliar)

Modelando a Tolerância ao Risco_Dados Históricos

Modelando a Tolerância ao Risco_Dados Históricos

A tabela da esquerda nos mostra os inputs (dados inseridos) para serem utilizados nos cálculos da tabela central, onde podemos ver a performance e o risco (aproximados) dos 5 diferentes portifólios. Na tabela da direita vemos a chance de ocorrência (range) do retorno dos cinco portifólios. Os dados usados como inputs foram dados históricos aproximados do retorno e do risco do Ibovespa e da Selic no período de 1994 até 2009.

Sabemos que dificilmente a Selic retornará 20% a.a nos próximos anos, já que esta se encontra atualmente no patamar de 8,75% a.a. Assim sendo, ao invés de usarmos dados históricos podemos usar dados hipotéticos, simulando os inputs de acordo com nossas perspectivas o retorno e o risco futuro da Selic e da Bolsa. (Clique na imagem para ampliar)

Modelando a Tolerância ao Risco_Dados Hipotéticos

Modelando a Tolerância ao Risco_Dados Hipotéticos

Utilizando dados hipotéticos (simulados) estamos inserindo nosso próprio julgamento sobre como os ativos podem performar no futuro.

Entretanto, a idéia é a mesma da tabela anterior. Modelando um portifólio podemos buscar dicas sobre nossa tolerância ao risco. Novamente, mais importante do que olharmos o retorno e o risco dos portifólios é analisarmos as faixas de retornos dos portifólios, observando sua chance de ocorrência.

Conclusão: Ao buscar dicas sobre nossa real tolerância ao risco podemos simular portifólios observando a faixa hiportética dos retornos destes para descobrir qual alocação nos deixa mais confortável para seguir uma estratégia de longo prazo.

Observação Importante: O cálculo do desvio-padrão dos investimentos e das respectivas faixas de retornos dos ativos supõe que estamos em um mundo normal, ausente de movimentos muito erráticos. Como bem sabemos através da história financeira, não podemos confiar totalmente em probabilidades quando se trata do mercado financeiro.

É totalmente possível (embora seja raro) a Bolsa apresentar retornos fora do 2º desvio-padrão, que engloba 95% dos retornos da Bolsa, às vezes até mesmo por 3 anos seguidos. O que quero chamar a atenção é que não devemos fechar os olhos para o risco quando há uma probabilidade de 95% de acerto. Mais importante do que esta frequência é a magnitude (proporção) do evento ocorrido.

Gerencie bem o seu risco.

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Sobre o autor

Henrique é especialista em alocação de ativos, eleito um dos 5 melhores educadores financeiros do Brasil em 2012/2013. Continue Lendo aqui!

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