Este post é mais uma atualização da série publicada sobre minha carteira pessoal de investimentos, a Carteira HC Investimentos.
Desempenho da carteira no mês
O índice bovespa voltou a ter mais um mês negativo, com perdas de -3,51%.
E sabemos que em meses de perdas na bolsa é difícil conseguir uma boa rentabilidade em nossas carteiras.
Entretanto, a Carteira HC Investimentos, com uma alocação em torno de 28% em Bolsa, alcançou uma rentabilidade positiva de 0,0049%.
Ao olhar este resultado fiquei bastante contente.
Mesmo sendo uma rentabilidade muito pequena (tive até de aumentar as casas decimais para poder enxergar o ganho no mês) consegui respeitar a regra número 1 dos investimentos:
Não perca dinheiro!
Afinal, relembrando um antigo artigo, quanto maior for uma perda, mais difícil será recuperá-la.
Desempenho da carteira no ano
A Carteira HC Investimentos continua na dianteira com uma rentabilidade acumulada de 7,50% no ano.
O CDI apresenta ganhos de 6,08% e a bolsa brasileira vive um ano ruim, com perdas acumuladas de -5,03%.
Comparação da Rentabilidade com Fundos Multimercados
Embora tenha comemorado bastante meu desempenho no mês, os fundos multimercados mantiveram-se firmes e conseguiram bons resultados no mês, próximos do CDI.
Acompanhe no gráfico abaixo a evolução da rentabilidade acumulada da Carteira HC Investimentos e de seus benchmarks.
A Carteira HC Investimentos continua superando todos os seus benchmarks em 2010.
Agora a distância para o CSHG Verde está em apenas 1,04%.
O destaque positivo do mês fica para o fundo Gávea Diversificado com rendimento de 1,24%.
Já o destaque negativo vai para o Modal Eagle 60, que ainda não engrenou neste ano.
É importante lembrar que o benchmark oficial sempre será o CDI, porém, ao adicionar os melhores fundos multimercados como comparação, traçamos um objetivo de se equiparar a indústria de fundos profissionais.
Que tal analisarmos em detalhes a Carteira HC Investimentos para compreendermos seu desempenho no mês e no ano?
Alocação Inicial em Agosto/2010
A alocação de uma carteira de investimentos é responsável por praticamente 90% de seus resultados no longo prazo.
Portanto, mais importante do que market timing e a escolha de ativos (asset picking) é a alocação que você define para cada ativo de seu portfólio.
Caso deseje ver os detalhes de como chegamos à esta alocação veja os comentários que fiz sobre a alocação final no mês de julho de 2010 sobre a Carteira HC Investimentos.
Notou um novo ativo no gráfico? Aguarde os comentários da seção operações realizadas.
Rentabilidade dos ativos da Carteira HC Investimentos no mês:
Através da rentabilidade mensal de cada ativo podemos compreender o porquê do resultado de 0,0049% da carteira HC Investimentos no mês. Vamos analisá-los mais de perto.
1. Renda-Fixa. Novamente os títulos pré-fixados (LTN 2012 e 2013) e os títulos indexados a inflação (NTN-BP 15) tiveram melhor desempenho do que os títulos pós-fixados (LFT 2012).
A queda dos juros futuros no mercado fez com que a taxa dos pré-fixados e indexados a inflação caíssem, aumentando o preço destes títulos.
2. Fundos Imobiliários. A rentabilidade da carteira de Fundos Imobiliários ficou ligeiramente abaixo do CDI, com uma valorização de 0,72% contra 0,89% do CDI.
Este resultado deve-se ao fato de que tenho maior concentração (40% da carteira de FII) no fundo Rio Bravo Renda Corporativa (FFCI11), cujo desempenho foi negativo em -0,68% no mês.
O destaque positivo do mês novamente vai para o Fundo Projeto Água Branca (FPAB11) com uma rentabilidade de 3,92%.
3. Câmbio. A carteira de câmbio teve um desempenho positivo de 1,71%. Este valor garantiu uma proteção (hedge) de 42,74% da carteira de Ações.
Como calcular o hedge ratio? Basta dividir a rentabilidade do câmbio (1,71%) pelo inverso da rentabilidade das ações (3,99%), o que resulta em um valor de 42,74%.
Este valor sinaliza o quanto conseguimos suplantar os rendimentos negativos da bolsa com os investimentos em câmbio (dólar e ouro).
Um hedge ratio de ou acima de 100% é conhecido como hedge perfeito, já que a carteira de câmbio consegue proteger toda a queda das ações no mês.
Um ótimo exemplo pôde ser observado no mês de janeiro de 2010, quando a bolsa teve um rendimento de -4,65% e o Dólar de 7,67% e o Ouro de 6,45%.
4. Ações. A carteira de ações, composta pelo ETF PIBB11 teve um desempenho abaixo do que o Ibovespa no mês, garantindo uma rentabilidade de -3,99% contra os -3,51% do Ibovespa.
Analisando o desempenho no ano, o PIBB11 ainda se encontra atrás do Ibovespa, com uma rentabilidade acumulada de -7,10% contra -5,03% da Bolsa.
Operações realizadas durante o mês:
Neste mês de agosto realizamos apenas 1 operação. Veja os detalhes abaixo:
Compra de PETR4. No final do mês, no dia 30/08, realizamos a compra de PETR4 no valor de R$ 25,85 alocando em torno de 2,50% de todo o capital da carteira neste ativo.
Esta compra foi possível de acordo com o dinheiro em conta corrente e com a ajuda dos aportes mensais.
No final de Agosto/2010, PETR4 estava sendo negociada a R$ 26,06 garantindo um pequeno lucro de 0,81%.
Entretanto, analisando o fechamento do ativo nesta segunda-feira (06/10), verificamos um valor de R$ 29,09, o que nos leva a um lucro de 12,53% em menos de 1 semana.
Por que a compra de uma ação individual? Como já deve ser de conhecimento de todos sou um investidor em índice.
Entretanto, algumas mudanças recentes tem tornado este tipo de investimento um pouco menos atrativo.
Como exemplo, cito a incidência de IR no lucro (sem exceção das vendas abaixo dos R$ 20.000 mensais) e a redução do lote para 10 ativos (gerando corretagens mais caras – tenho que operar no lote ao invés do fracionário).
Porém, o fato que realmente me fez decidir por este tipo de aplicação foi uma análise muito interessante e muito bem elaborada que fizemos em no Clube de Vienna – Análise Financeira Independente, juntando informações sobre o plano de capitalização, gráficos de longo prazo da PETR4, análise dos contratos a termo e BTC, além dos derivativos.
Até o momento, o timing tem sido excelente, garantindo um ótimo resultado para meu portfólio pessoal e, principalmente, para nossos portfólios recomendados no Clube de Vienna, que estão todos acima de seus benchmarks no ano.
Alocação da carteira HC Investimentos no final de junho:
Alocação Final. A única mudança relevante no mês foi a inclusão da Petrobrás (PETR4) ao nosso portfólio, o que elevou a alocação em bolsa para próximo dos 30%, nosso patamar neutro de longo prazo.
Cenários e Estratégias
1. Renda-Fixa. Não pretendo mexer tão cedo na carteira de títulos públicos e privados.
Somente uma grande variação nas taxas de juros futuros poderia dar margem para um possível realocação.
No momento, estou satisfeito com esta alocação concentrada em pré-fixados e indexados a inflação.
2. Fundos Imobiliários. Esta classe de ativos está avançando fortemente em 2010, mesmo com uma subida na Selic.
Como o fundo Rio Bravo Renda Corporativa (FFCI11) possui maior alocação em relação aos demais, os recursos de uma possível venda de lotes excedentes viriam deste fundo, trazendo a alocação para um patamar perto dos 3%, como os outros fundos.
3. Câmbio. Dólar perto ou abaixo de 1,70 poderia sinalizar um ponto de possível compra de lotes adicionais com dinheiro vindo da própria venda de Bolsa, caso ela avance fortemente neste final de ano.
4. Ações. A bolsa está bem devagar no ano. Caso sua pontuação vá para perto dos 70.000 pontos, acredito ser interessante uma venda de lotes excedentes.
Caso a situação volte a piorar, o patamar dos 60.000 poderia sinalizar nova entrada de recursos.
5. PETR4. Não pretendo manter uma ação individual em meu portfólio no longo prazo. Portanto, acredito ser um investimento de curto/médio prazo.
Provavelmente, vou esperar a conclusão do processo de capitalização para tomar uma decisão mais concreta sobre o ativo no portfólio.
6. Aportes Mensais. Em minha opinião, não existem excelentes investimentos no momento.
Portanto, o aporte mensal de agosto poderia ir para uma LFT, visando pegar o aumento na taxa básica de juros.
Outra opção seria elevar um pouco a alocação em Dólar. Dependerá de como o mercado se comportar neste mês de setembro.
Conclusão
Esta é a “mágica” da alocação de ativos meus amigos.
Defini-se uma alocação padrão para seu portfólio e, aos poucos, você vai o ajustando para refletir melhor a relação entre retorno e risco com os avanços do mercado.
Como na fábula da tartaruga e da lebre (Esopo), continuamos nossa jornada tranquilamente, sabendo que o caminho é longo e que devemos ter paciência e disciplina, tratando os investimentos com seriedade.
De forma contrária, outras lebres do mercado se aventuram com a tentativa de ganhar tudo de uma vez só, acreditando em micos, trade de opções, forex alavancado e todas as falácias que você provavelmente já ouviu falar.
No longo prazo, sabemos quem será o vencedor desta corrida.
Portanto, pense sabiamente em relação aos seus investimentos. Você quer ser a lebre ou a tartaruga da fábula de Esopo?
Opinião dos leitores. E vocês meus amigos? Como está a alocação de suas carteiras? A rentabilidade líquida neste ano tem lhes agradado? Como tem equacionado a relação entre retorno e risco de suas carteiras?
Expresse sua opinião nos comentários. Tenho certeza de que poderemos ter ótimas reflexões.
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