Bem-vindo a atualização de dezembro da série carteira de investimentos!
A atualização do mês de novembro mostrou um ótimo desempenho das carteiras de investimentos dado o retorno negativo do Ibovespa em -2,51%.
Neste mês de dezembro o cenário novamente não foi favorável para a Bolsa…
O Ibovespa apresentou baixa de -0,21%.
Entretanto, a média das carteiras de investimentos novamente não acompanhou o mau humor do mercado, com alta de 0,52%.
Sendo esta a atualização que fecha o ano de 2011, trarei algumas novas análises além das já tradicionais.
Continue lendo este artigo para saber como as 15 carteiras de investimentos se comportaram em todo o período deste estudo sobre Alocação de Ativos.
Carteira de Investimentos: Relembrando as Carteiras
Sabemos que o sucesso de uma estratégia de investimentos tem grande relação com a alocação de ativos de uma carteira.
Logo, vamos relembrar como cada carteira foi montada no início do mês de julho:
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A média destas 15 carteiras apresenta a seguinte alocação:
1. [1,14%] Conta-Corrente (CC)
2. [42,86%] Renda-Fixa (RF)
3. [14,43%] Fundos Imobiliários (FII)
4. [6,57%] Câmbio
5. [35,00%] Ações (Bolsa)
Uma ótima alocação de ativos na minha humilde opinião.
Carteira de Investimentos: 10 Maiores Alocações das Carteiras
Além de visualizarmos a alocação em cada classe de investimentos podemos ver quais são os 1o ativos com maior participação em cada carteira:
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Este tipo de análise nos ajudam a identificar carteiras com alta concentração, estando pouco diversificadas.
Além disso, é interessante notar que o ativo preferido das 15 carteiras é a LFT com vencimento em 2015.
Ela aparece na média com uma alocação de 18,53%.
No relação large caps (BOVA11 e PIBB11) x small caps (SMAL11), temos que a alocação em large caps (~26%) é 2x maior do que small caps (~13%).
Carteira de Investimentos: Rentabilidade dos Ativos no Mês
Analisando cada classe de investimento:
- Renda-Fixa
A queda dos juros futuros foi um dos principais destaques neste ano de 2011.
Veja no gráfico abaixo (fonte: Anbima) como as taxa caíram bastante nos títulos pré-fixados..
… e também nos títulos indexados a inflação.
A consequência desta queda da taxa foi a alta do preço, resultando em maiores rentabilidades para os títulos pré-fixados e indexados a inflação.
Note como estes tipos de títulos apresentaram as maiores rentabilidades em 2011.
Nota:
- IMA-B 5 corresponde aos títulos públicos indexados ao IPCA com prazo inferior a 5 anos.
- IRF-M 1+ corresponde aos títulos públicos pré-fixados com prazo superior a 1 ano.
Saber calcular o retorno líquido dos títulos públicos pode lhe ajudar na tarefa de descobrir qual títulos está mais atrativo no momento.
Quem garantiu, por exemplo, LTNs com taxas acima de 13% e NTN-Bs com taxas acima de 6,75% tomou um ótimo passo para seu futuro financeiro.
Entretanto, se você ainda investe 100% em ações e não aproveita oportunidades como esta leia este artigo sobre como é importante diversificar além de uma única classe.
- Fundos Imobiliários
Os fundos imobiliários tiveram um ótimo mês, se desconsiderármos a última colocação do FII Hospital Nossa Senhora de Lourdes.
Para desespero dos cotistas, o fundo continuou a cair durante este mês, chegando a apresentar uma queda de -42,57% entre a máxima alcançada pelo fundo em outubro de 2011 e a mínima em dezembro.
Não é à toa que bato tanto na mesma tecla.
Se você quer se tornar um investir de sucesso no longo prazo você é obrigado a diversificar.
Caso contrário, ficará à mercê da sorte até que um dia, você pode ser pego de surpreso por uma notícia não esperada e seu ativo cair -50% em menos de 3 meses…
A dispersão do retorno dos fundos imobiliários é excelente exemplo para lembrar a todos investidores que:
A diversificação nos fundos imobiliários não é uma opção, é uma obrigação.
Infelizmente ainda não existe um ETF (Exchanged Traded Fund) para os fundos imobiliários.
Portanto, como regra de bolso, é recomendável escolher pelo menos 5 fundos, mas se preferível 10.
Lembre-se do benefício entre diversificar dentro de uma própria classe, conforme ressaltei no artigo sobre estratégias de investimentos.
- Câmbio
O destaque negativo do mês foi o Ouro, com rentabilidade de -6,59%.
Depois de apresentar rentabilidade de 24,02% até o final de novembro, o Ouro terminou fechando o ano de 2011 com retorno de 15,85%.
Ainda assim, superior ao Dólar (12,58%) e ao CDI (11,54%).
Apesar da alta volatilidade do Câmbio em 2011, ele assegurou sua capacidade de proteção.
Com o Ibovespa caindo -18,11%, o Dólar subiu 12,58%, o Euro 8,23% e o Ouro 15,85%.
Leia nosso artigo completo sobre como investir em ouro.
- Bolsa
O ano de 2011 serviu como um ótimo exemplo para novos e velhos investidores.
Para os novos porque mostra que, apesar de meses com forte alta de 11,49% (vide outubro), o ano não foi nada fácil com queda de -18,11%.
Para os velhos porque enfatiza a importância da diversificação, já que nos últimos 5 anos o retorno anual da Bolsa está negativo.
É isso mesmo…
Nos últimos 5 anos, o Ibovespa apresentou uma rentabilidade anual de -0,39%.
Este retorno anual negativo nos últimos 5 anos não ocorria desde 2005.
O Ibovespa fechou 2011 com rentabilidade de -18,11% enquanto o índice de Small Caps (SMLL) terminou 2011 com -16,62%.
Carteira de Investimentos: Rentabilidade das Carteiras
- Rentabilidade Mensal
A média das carteiras de investimentos apresentou uma rentabilidade de 0,52% em dezembro.
A melhor carteira no mês foi a “AJ” com rentabilidade de 1,14%.
Embora nenhuma carteira tenha apresentado resultado negativo, o retorno se concentrou na faixa de 0% e 1%, principalmente devido ao Ouro (presente em várias carteiras), que caiu -6,59% no mês.
- Rentabilidade Acumulada
Na tabela acima temos a evolução da rentabilidade acumulada, mês a mês.
Na média, as carteiras apresentam uma rentabilidade acumulada de 1,40%.
- Ranking Rentabilidade Acumulada
Na tabela acima temos o ranking da evolução da rentabilidade acumulada, mês a mês.
O mês de dezembro não revelou grandes surpresas…
A carteira MK apresentou a melhor rentabilidade em 2011 (5,84%), seguida da carteira BF (4,79%).
É possível notar que as carteiras mais concentradas em Bolsa (as 4 à direita) obtiveram retornos acumulados negativos durante todo o segundo semestre de 2011.
Relação Retorno x Risco
Sem dúvida é a análise que mais gosto de fazer, embora também seja a mais trabalhosa, é a Relação entre Retorno e Risco das Carteiras de Investimentos.
Apesar de termos apenas 6 meses de análise, podemos já observar alguns pontos favoráveis a diversificação.
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A principal conclusão que podemos tirar do gráfico acima é a seguinte:
A maioria das carteiras obtém uma relação retorno x risco melhor do que a carteira simulada 50% CDI | 50% Ibovespa.
Este número pode não parecer tão importante, mas ele é extremamente importante.
Veja o porquê:
1. Diversificar entre várias classes de investimentos (RF, FII, Câmbio e Ações) ajuda a melhorar a relação retorno x risco.
2. É preciso diversificar dentro da própria classe de investimetnos.
Exemplo em Renda-Fixa: Investir em títulos indexados a Selic, pré-fixados, indexados à inflação. Variar na duração dos títulos…
Note que a carteira média obteve um retorno muito parecido com a carteira 50% CDI e 50% Ibov.
Entretanto, ela possui um risco anualizado de 10,47% contra 14,88% da 50% CDI e 50% Ibov.
Reduzir o risco de uma carteira de investimentos é fundamental.
Deste modo, você garante maior flexibilidade em sua estratégia, não fica muito dependente das oscilações da Bolsa e consegue planejar com menos erros o seu futuro financeiro.
Ter conhecimento sobre a relação retorno x risco dos ativos e de como funciona uma estratégia de alocação de ativos é um grande benefício para garantir a você melhores resultados e maior segurança financeira.
Carteira de Investimentos: Destaque do Mês
A carteira destaque do mês é uma forma de mostrar na prática o benefício da alocação de ativos.
Afinal, esta série que engloba 15 diferentes carteiras de investimentos tem exatamente este objetivo:
Mostrar a todos a importância da alocação de ativos e diversificação de carteiras na prática e com dados reais.
Pronto para conhecer o destaque do mês?
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A carteira “TC” obteve uma rentabilidade surpreendente de 1,05% em dezembro.
Sua escolha foi baseada pela eficiência no segmento de fundos imobiliários, que se valorizou 1,97%.
Com a alocação de 30% neste setor, somente o segmento de FII foi responsável por 0,59% da rentabilidade total.
Além disso, a carteira TC foi a que obteve a maior rentabilidade em Renda-Fixa durante todo este estudo: 13,78%.
O motivo é sua alocação arrojada em títulos públicos:
- [18%] NTN-B Principal 2015
- [18%] NTN-B Principal 2024
- [3%] NTN-B Principal 2035
Entretanto, não é uma alocação diversificada.
É arriscada, mas devido à queda dos juros este ano, esta alocação garantiu a melhor rentabilidade de todas as carteiras em Renda-Fixa.
Evolução Diária das Carteiras de Investimentos Selecionadas
Para finalizar as análises das carteiras de investimentos terminaremos analisando a evolução diária de algumas carteiras selecionadas. São elas:
- MK
- CDI
- BF
- Média
- 50% CDI e 50% Ibov
- IBOV
- EFET
- AJ
Observações relevantes:
Apenas ao olhar para a variação das carteiras é possível ter uma boa ideia de suas alocações.
As carteiras MK e BF são mais concentradas em Renda-Fixa, principalmente em títulos pós-fixados.
Já as carteiras EFET e AJ são concentradas em Bolsa, o que evidencia o alto risco e volatilidade.
Note como a carteira AJ chegou a perder -18% em pouco mais de 1 mês.
Não é todo investidor que suportaria este tipo de perda tão rápida.
A carteira AJ possui 80% aplicados em Bolsa, sendo 60% PIBB11 e 20% SMAL11.
Uma maior diversificação entre as diversas classes de investimentos e também dentro da classe Bolsa ajudaria esta carteira a apresentar menor volatilidade.
Conclusão
O ano de 2011 deixou lições importantes.
O caso do Hospital Nossa Senhora de Lourdes (NSLU11B) mostrou que investir de forma concentrada em fundos imobiliários pode ser tão arriscado como investir na Bolsa.
Algumas Blue-Chips apresentaram um péssimo retorno no ano, com ações tradicionais sofrendo grandes quedas em 2011.
- GFSA3 caiu -64,9%.
- USIM5 caiu -46,6%.
- FIBR3 caiu -46,4%.
- MRFG3 caiu -44,5%.
- OGXP3 caiu -31,9%.
Além destes casos, vimos também as taxas oferecidas pelos títulos públicos pré-fixados caírem de 13% para 10%.
Nos títulos indexados a inflação elas caíram de 6,75% para 5%.
A conclusão é simples.
O tempo em que era fácil ganhar dinheiro com taxa de juros de 15% ou com 5 anos seguidos de Bolsa subindo na média 43,89% (2003-2007) parece ter ficado para trás.
O mercado hoje demanda um maior amadurecimento dos investidores.
O foco agora não deve estar na rentabilidade, mas sim onde ele sempre deveria estar, no Risco e em seu controle.
Saber lidar com a relação retorno x risco daqui para frente será o básico que todo investidor precisa saber.
E aqueles que não diversificarem se iludindo com os retornos passados poderão se enganar feio.
Volto a repetir:
Diversificação tornou-se uma obrigação e não mais uma opção…
Este é meu conselho para você em 2012! 🙂
Afinal:
Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância. ~ Sócrates
Continue acompanhando esta série sobre carteira de investimentos e observe na prática como a ampla diversificação produz resultados mais sustentáveis no longo prazo.
(crédito das imagens: shutterstock.com)