Carteira de Investimentos: Estratégias e Resultados [Ago/2011]

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Bem-vindo a segunda atualização da série carteira de investimentos!

A atualização do mês de julho mostrou como carteiras bem diversificadas conseguiram ótimos resultados apesar da queda de -5,75% do Ibovespa.

Neste mês de agosto, o cenário manteve-se bem ruim.

Entretanto, as carteiras apresentaram um excelente desempenho.

Adiantando, o Ibovespa apresentou queda de -3,96%.

Já a média das carteiras obteve retorno de 0,46%.

Como de costume, analisaremos os seguintes tópicos ao longo do artigo:

  1. A alocação de classes das 15 carteiras de investimentos
  2. As 10 maiores alocações de cada carteira
  3. Rentabilidade de todos os ativos no mês atual
  4. Rentabilidade de cada carteira de investimentos.
  5. Destaque do Mês [Novidade!]

Prontos para a leitura? Vamos lá!

Carteira de Investimentos: Relembrando as Carteiras

Sabemos que o sucesso de uma estratégia de investimentos tem grande relação com a alocação de ativos de uma carteira.

Logo, vamos relembrar como cada carteira foi montada no início do mês de julho:

Carteira-de-Investimentos-Classes-de-Ativos

A média destas 15 carteiras apresenta a seguinte alocação:

1. [1,14%] Conta-Corrente (CC)

2. [42,86%] Renda-Fixa (RF)

3. [14,43%] Fundos Imobiliários (FII)

4. [6,57%] Câmbio

5. [35,00%] Ações (Bolsa)

Uma ótima alocação de ativos na minha humilde opinião.

Carteira de Investimentos: 10 Maiores Alocações das Carteiras

Além de visualizarmos a alocação em cada classe de investimentos podemos ver quais são os 1o ativos com maior participação em cada carteira:

Carteira-de-Investimentos-10-Maiores-Ativos

Este tipo de análise nos ajudam a identificar carteiras com alta concentração, estando pouco diversificadas.

Além disso, é interessante notar que o ativo preferido das 15 carteiras é a LFT com vencimento em 2015.

Ela aparece na média com uma alocação de 18,53%.

No relação large caps (BOVA11 e PIBB11) x small caps (SMAL11), temos que a alocação em large caps (~26%) é 2x maior do que small caps (~13%).

Após analisarmos as alocações de cada carteira de investimentos vamos ver como foi a rentabilidade de cada ativo neste mês de agosto/2011.

Carteira de Investimentos: Rentabilidade dos Ativos no Mês

Carteira-de-Investimentos-Rentabilidade-Ativos

Analisando cada classe de investimento:

Renda-Fixa

Os títulos públicos apresentaram um excelente retorno no mês.

Títulos indexados a Selic tiveram um retorno de 1,03%.

A queda dos juros futuros favoreceram bastante os títulos pré-fixados e indexados a inflação.

Prefixados, através da LTN 2015, obtiveram um retorno de 5,79%.

Títulos indexados a inflação tiveram um retorno proporcional ao seu vencimento.

Quanto maior a duração (anos até o vencimento) do título, maior foi o seu retorno.

NTN-BP 35: 9,45%

NTN-BP 24: 7,26%

NTN-BP 15: 5,35%

Saber calcular o retorno líquido dos títulos públicos pode lhe ajudar na tarefa de descobrir qual títulos está mais atrativo no momento.

Quem garantiu LTNs com taxas acima de 13% e NTN-Bs com taxas acima de 6,75% tomou um ótimo passo para seu futuro financeiro.

Entretanto, se você ainda investe 100% em ações e não aproveita oportunidades como esta leia este artigo sobre como é importante diversificar além de uma única classe.

Fundos Imobiliários

Apresentaram um retorno bem disperso no mês.

O ativo mais rentável foi [novamente!] o Hotel Maxinvest (HTMX11B), com um retorno de 13,05%.

Você se lembra da queda em torno de -8% do Ibovespa em um único dia neste mês?

Pois é…Conforme coloquei no meu twitter, o HTMX11B chegou a subir mais de 10% durante este dia.

Diversificar é importante. Sobretudo nos momentos de pânico…

Portanto, lembre-se de alocar uma parte de sua carteira em fundos imobiliários.

Mesmo em períodos de crise, eles conseguiram apresentar bons resultados, já que sua correlação não é muito forte com a Bolsa.

Eles irão dar a você uma nova dimensão de retorno e risco, além de garantir um rendimento mensal isento de imposto de renda.

Entretanto, você pode notar também que 6 (dos 15) fundos imobiliários apresentaram resultados negativos no mês.

Dica: Não basta apenas investir em fundos imobiliários.

É preciso diversificar entre vários fundos. Como regra de bolso, busco ter no mínimo 5 fundos.

Lembre-se do benefício entre diversificar dentro de uma própria classe, conforme ressaltei no artigo sobre estratégias de investimentos.

Câmbio

O Ouro [novamente!] apresentou forte alta no mês, agora no valor de  7,93%, sendo um ótimo ativo de proteção para a queda na Bolsa.

O Dólar e o Euro [finalmente] tiveram um bom desempenho mensal.

Até este mês a correlação destes 2 ativos cambiais estava positiva com a Bolsa, indo na contramão do que os números apresentam no longo prazo.

Correlação de Ativos é uma força dinâmica e não estática.

A média das carteiras respondeu bem em relação ao Câmbio, já que a maioria optou por uma alocação mais concentrada em Ouro do que no próprio dólar e euro.

No ano passado escrevi um artigo sobre uma possível bolha no Ouro.

Independente do preço estar próximo aos R$ 100, o Ouro ainda é um ativo muito procurado em momentos de crise.

Sobretudo quando a solução para estas parece ser sempre injetar mais e mais dinheiro na economia.

Alguns economistas afirmar que é como se você tentasse curar um alcoólatra dando-lhe mais bebidas.

Bolsa

Para quem viu o Ibovespa cair em torno de -15% durante o mês, o resultado final de -3,96% para o Ibovespa não pareceu nada assustador.

Os ETFs acompanharam este mal desempenho com os seguintes resultados:

SMAL11: -2,63%

BOVA11: -3,98%

PIBB11: -4,63%

Após analisarmos o retorno de cada ativo das carteiras podemos ver exatamente a rentabilidade de cada carteira de investimentos.

Carteira de Investimentos: Rentabilidade das Carteiras

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A média das carteiras de investimentos apresentou uma rentabilidade de 0,46%.

Um excelente resultado para um mês tão turbulento como agosto.

Apenas 3 das 15 carteiras tiveram desempenho negativo neste mês.

Se você ainda não acredita no poder da diversificação, leia este artigo sobre diversificação de investimentos.

As duas melhores carteiras foram “DT” (1,77%) e “MSF” (1,61%).

Parabéns as duas carteiras pelo resultado!

Rentabilidade Acumulada

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Na tabela acima temos a evolução da rentabilidade acumulada, mês a mês.

A carteira “MK” continua firme e forte na liderança com retorno de 2,22%, seguida pela carteira “BF” (1,82%).

Comparando o retorno acumulado das carteiras com os principais índices e a Média:

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A maioria das carteiras está com retorno acima de -2% nestes dois meses em que o Ibovespa já acumula uma perda próxima de -10%.

A carteira “MK” é a única que conseguiu superar o CDI neste período.

Parabéns MK!

Um comentário inteligente

Aliás, o “MK” nos presenteou com um excelente comentário na atualização de julho, que reproduzo abaixo:

“Olá Henrique,

Agora tenho um pouco mais de tempo para escrever agora.

Quando comecei a ter uma carteira, há 15 anos atrás, já cheguei a ter mais de 50% em ações, mas logo percebi que o risco não compensava a diferença de rentabilidade a longo prazo, e em todos estes anos em geral não vou muito além de 10% em ações.

A razão deste número é que, levando em conta que em quase todos estes anos, os juros sempre pagaram mais de 1% ao mês, então uma queda 10% na bolsa em um mês, é praticamente toda absorvida pela rentabilidade do restante da carteira em juros ( minhas outras aplicação em geral rendem pelo menos a selic).

Para se ter um exemplo eu fiz uns cálculos simples de comparação:

1) Considerando uma ano em que a selic dê 12% e o ibovespa 30% (penso que a média do ibovespa nos últimos 8 anos foi pouco acima de 15%)

a) Numa carteira com 10% em ações e o resto em LFT a rentabilidade será de 13,8% e o risco de 0,90% (usando  sua planilha).

b) Numa carteira com 50% em ações a rentabilidade será de 21% e o risco 4,42%.

Ou seja, a rentabilidade foi 52% maior enquanto que o risco foi 391% maior, em relação a primeira carteira …

2) Por outro lado num pais que os juros sejam de 2% (como em outros países) e a bolsa também chegue aos mesmos 30% teremos:

a) Numa carteira com 10% em ações a rentabilidade será de 4,8%

b) Numa carteira com 50% em ações a rentabilidade será de 16%

Ou seja, a rentabilidade foi 233% maior e como bem sabemos, o risco (volatilidade) no exterior é menor que no Brasil, ou seja menor que os 391%.

Outra diferença entre este exemplo e o anterior é que neste último caso para qualquer valor que a bolsa apresente acima de 2% no ano já vai ter valido a pena ter colocado dinheiro na bolsa, enquanto que no Brasil só vai ter valido a pena colocar dinheiro na bolsa se ela ter mais de 12% no ano.

Portanto,  ao contrário do que ocorre em outros países, nos atuais níveis de juros no Brasil acho que não vale muito a pena ter uma porcentagem muito alta em ações (mas isto deve mudar no futuro próximo).

Claro que isto é uma opinião pessoal que depende do perfil de investidor da pessoa.

Claro também que se pode reduzir o risco colocando outros ativos (e sempre tenho outros ativos além de DI), como você tem enfatizado em todos os seus artigos.

Só quis usar um exemplo bem simples, na linha de discussão que não se deve só olhar a rentabilidade, mas também se deve ver o risco da carteira.

Um outro exemplo mais concreto: de 02/01/2003 até 29/07/2011, a selic rendeu 217,715% (dados do BC) enquanto o ibovespa rendeu 306,9637%.

Portanto, uma carteira com 10% em ações e o resto em LFT teve uma rentabilidade de 226,64% e outra com 50% em ações 262,34%. Ou seja a rentabilidade foi 15,75% maior com  um aumento de risco possivelmente em torno dos 391% como no outro exemplo.

Na realidade eu uso uma estratégia com um risco menor que a carteira de 10% mas com uma rentabilidade bem maior, como eu já mencionei em outros post e depois comento mais.”

Sábias palavras “MK”.

Aproveito a oportunidade para colocar materiais de referência para o comentário acima:

1. Planilha de Risco – Saiba como calcular o risco (volatilidade) de sua carteira

2. Razão para não alocar muito em Bolsa: Os altos juros no Brasil

3. Diversificação de Carteiras – Saiba a importância de diversificar dentro da própria classe de investimentos, mesmo na Renda-Fixa.

Após analisarmos a rentabilidade das carteiras de investimentos podemos dar início a um novo tipo de análise!

Carteira de Investimentos: Destaque do Mês

[Novidade] Pretendo trazer todo mês uma rápida análise do resultado de uma carteira de investimentos.

A carteira destaque do mês é uma forma de mostrar na prática o benefício da alocação de ativos.

Afinal, esta série que engloba 15 diferentes carteiras de investimentos tem exatamente este objetivo:

Mostrar a todos a importância da alocação de ativos e diversificação de carteiras na prática e com dados reais.

Pronto para conhecer o destaque do mês?

Carteira-de-Investimentos-Destaque-do-Mes

A carteira MSF teve uma rentabilidade surpreendente de 1,61% em agosto.

Mesmo com 35% alocados em Ações a carteira apresentou ótimo resultado.

Como?

Retornos bem acima da média nas outras classes de investimentos.

1. Retorno de 3,92% em Renda-Fixa

2. Retorno de 7,46% em Fundos Imobiliários

3. Retorno de 7,93% em Câmbio

Este mês, sem dúvida, foi o mês da Renda-Fixa.

O resultado da Renda-Fixa (3,92%) por si só já é suficiente para cobrir a perda das Ações (-3,75%).

Entretanto, se a carteira tivesse 10% em RF e 90% em Ações de nada adiantaria este bom resultado em RF.

Uma Nova Forma de Mensurar Resultados

É sempre importante saber o quanto de retorno cada classe adicionou ao retorno total da carteira.

Como calcular?

Simples, multiplique a alocação em cada classe pelo seu retorno correspondente.

Portanto, a classe Renda-Fixa adicionou 2,15% ao total da carteira. (55% * 3,92%)

Já as Ações adicionaram -1,31%. (35% * -3,75%)

O retorno em excesso da Renda-Fixa sobre as Ações foi de 0,84%. Excelente!

Parabéns a carteira MSF.

Conclusão

Gerenciar o risco de uma carteira de investimentos nunca foi tão fácil como neste mês de agosto.

Diversificar tornou-se mais do que uma opção para investidores, tornou-se uma obrigação.

Quem não diversifica está fadado a acontecimentos surpresas (Mafrig?) que podem abalar uma carteira ou fundo de investimento.

Defina sua alocação de ativos e esteja preparado para os diferentes cenários!

Acompanhe esta série sobre carteira de investimentos e observe na prática como a ampla diversificação produz resultados mais sustentáveis no longo prazo.

(crédito das imagens: shutterstock.com)

Sobre o autor

Henrique é especialista em alocação de ativos, eleito um dos 5 melhores educadores financeiros do Brasil em 2012/2013. Continue Lendo aqui!

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