Hedge: O que é e Como fazer

hedge

 Hedge significa proteção.

Grandes empresas e investidores utilizam estratégias de hedge para minimizar riscos.

O gerenciamento de risco é um dos conceitos mais importantes para crescer de forma sustentável.

O objetivo desse artigo será mostrar a função do hedge com exemplos claros e sua aplicação nos investimentos.

Continue lendo esse artigo para saber mais sobre:

  • O que é hedge
  • Como utilizar hedge em seus investimentos
  • Qual é o melhor tipo de hedge

O que é Hedge?

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Hedge significa proteção, conforme já vimos na introdução desse artigo.

As operações de hedge são realizadas por empresas e investidores que desejam se proteger dos riscos das oscilações de preços.

Na história: O hedge surgiu da necessidade de um produtor manter um preço fixo para vender seu produto.

Além disso, havia também a necessidade dos comerciantes em obter um preço fixo para comprar produtos.

Exemplo clássico de hedge:

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Uma empresa exportadora de petróleo deseja fixar o preço de venda do petróleo no valor atual do mercado, de US$ 100,00.

Segundo as análises do financeiro da companhia, essa operação é interessante dado uma possível queda nos preços futuros do petróleo.

Portanto, ela lança um contrato futuro de venda de petróleo no preço de US$ 100,00. O comprador do contrato terá a obrigação de pagar pelo petróleo no dia do vencimento o preço US$ 100,00, independente do preço do mercado nesse dia.

Do outro lado, uma empresa aérea deseja fixar o preço de compra do petróleo para o abastecimento de suas aeronaves acreditando em uma possível subida do preço do petróleo, além de assegurar maior rigidez nos seus custos operacionais.

Desse modo, ela fecha o contrato futuro de compra de petróleo a US$ 100,00 no dia do vencimento com a empresa exportadora de petróleo.

Perceba que o contrato é, em teoria, um benefício mútuo, já que ajuda ambas companhias.

Entretanto, no dia do vencimento o petróleo apresenta preço de US$ 90,00.

Logo, a companhia exportadora (vendedora do contrato) foi beneficiada por vender o petróleo nesse dia a US$ 100,00 ao invés do preço atual do mercado de US$ 90,00.

A companhia aérea (compradora do contrato) saiu perdendo porque poderia comprar o petróleo a US$ 90,00 (valor atual) ao invés dos US$ 100,00 fechados no contrato.

Porém, mesmo que o contrato tenha sido favorável para a empresa exportadora, ele manteve os custos da empresa aérea fixos.

Como é impossível prever o futuro do preço de qualquer mercadoria, a opção do hedge poderá continuar sendo utilizada pela empresa aérea como forma de se proteger contra um aumento rápido de seus custos operacionais com o combustível de sua aeronaves.

Como utilizar o Hedge em seus Investimentos?

hedge-investimentos

Vimos no tópico anterior um exemplo clássico de empresas utilizando contratos futuros para fazer um hedge e proteger suas compras/vendas.

Entretanto, como aplicar a proteção nos investimentos?

Existem diversas maneiras de fazer o hedge de uma carteira de investimentos, mas vou me concentrar em apenas uma aqui, com foco no modelo de alocação de ativos.

Protegendo o investimento em ações com câmbio

Você provavelmente já notou que quando a Bolsa despenca, ativos como Dólar, Euro e Ouro sobem bastante de preço.

Um dos motivos é a procura por liquidez e menor risco. Quando investidores estrangeiros retiram seus dólares e euros do Brasil, a oferta dessas moedas cai, criando uma maior escassez. Logo, o valor dessas moedas sobe em relação ao Real.

O Ouro é um investimento que naturalmente é procurado em momentos de crise, pois representa o dinheiro em sua essência.

É um metal com valor intrínseco, com uma real demanda, além de ser uma moeda que não pode ser inflada por nenhum Banco Central.

Portanto, quando ativos de risco começam a cair, alguns investidores voltam-se para investimentos com valor intrínseco, como Ouro.

A esse ponto do artigo você deve estar se perguntando:

Qual é a proteção oferecida pelos ativos cambiais quando a Bolsa despenca?

Veja o gráfico abaixo comparando anualmente os retornos do Ibovespa x Câmbio:

Nota: Em todos os dados e gráficos apresentados considerei o período de fevereiro de 1999 até maio de 2012. Retirei o mês de janeiro de 1999 por ser o período de transição entre o câmbio fixo e livre.

Perceba a correlação de ativos negativa entre o Ibovespa e os ativos cambiais.

Em períodos de crise (2000-2002 e 2008), é possível notar com clareza a dispersão dos retornos.

Note como o Ibovespa (em vermelho) cai nesses anos e os ativos cambiais sobem.

Nesses momentos de pânico generalizado, esses investimentos são as melhores escolhas que um investidor poderia fazer.

O grande “porém” é saber quando e com que intensidade esses raros eventos ocorrem.

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Ibovespa x Dólar: Um Hedge quase perfeito

Dentre os ativos cambiais, o dólar é o que apresenta a menor correlação com o Ibovespa, de -62,44% (ou 0,6244).

Para facilitar essa comparação, separei o gráfico abaixo comparando o retorno anual do Ibovespa e do Dólar.

Retorno-anual-ibov-dolar

Em todos esses 13 anos o retorno desses ativos foram divergentes, ou seja, enquanto um subia o outro caia.

Por esse motivo, a correlação entre eles é tão baixa.

Conforme escrevi no capítulo 4 do eBook Alocação de Ativos, uma correlação baixa entre ativos é um ótimo sinal para ampliar os efeitos da diversificação.

O gráfico de uma carteira com 50% investidos em Dólar e 50% investidos em Ibovespa teria os seguintes retornos anuais:

Retorno-anual-hedge

Perceba que a grande volatilidade dos 2 ativos (Ibovespa e Dólar) reduziu-se bastante.

Agora, o investidor possui uma carteira mais equilibrada, com menor risco.

Note ainda que a crise de 2000-2002 não gerou nenhum retorno negativo para essa carteira.

Mas afinal, o quanto a volatilidade foi reduzida?

Retorno-Risco

O risco, medido aqui pela volatilidade anual dos ativos, era de 19,19% para o Dólar e 27,56% para o Ibovespa no período de 1999 até 2012.

Tomando a média desses números, poderíamos esperara uma volatilidade média de 23,38%.

Porém, a volatilidade apresentada pela carteira com 50% Ibov e 50% Dólar foi de 10,81%.

Uma redução de 53,76% do risco médio.

Se essa constatação ainda é uma surpresa para você, recomendo ler esse artigo.

Se desejar ir além, o capítulo 4 do eBook mostra exatamente como e porquê diversificar uma carteira de investimentos e o efeito da correlação entre ativos no resultado final.

Baixe a Planilha com os Dados e Gráficos

Todos os dados e gráficos utilizados para elaborar esse artigo você pode baixar clicando no botão abaixo.

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Versão Excel 2007

Conclusão

Vimos que ativos cambiais oferecem uma ótima proteção (hedge) para investimentos em ações.

Devido à uma correlação baixa entre esses ativos, a diversificação de uma carteira composta por ambos é eficiente, reduzindo seu risco.

Sobretudo em períodos de crise na Bolsa, a proteção oferecida pelo Dólar é essencial para evitar grandes perdas.

Porém, apesar dos benefícios citados, precisamos fazer uma pergunta extremamente importante:

Vale a pena ter uma ótima proteção de curto prazo em períodos de crise para abidicar de um retorno maior no longo prazo?

Você já imaginou qual seria o risco e retorno de uma carteira composta por 50% Ibovespa e 50% Títulos Indexados à Selic no mesmo período?

Uma simulação nesses 13 anos com 3 ativos (Ibovespa, Dólar e Títulos PósFixados) irá nos levar a resposta desejada.

Esse será o objetivo do próximo artigo! Em breve…

(crédito das imagens: shutterstock.com)

Sobre o autor

Henrique é especialista em alocação de ativos, eleito um dos 5 melhores educadores financeiros do Brasil em 2012/2013. Continue Lendo aqui!

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