2012, um ano de poucas emoções, algumas boas novidades e, mais uma vez, de bons retornos para as carteiras de nossa série sobre alocação de ativos.
Para alguns investidores, um ano ruim, em que o Ibovespa teve um retorno somente 1% acima da poupança.
Para outros, um excelente ano, já que fundos imobiliários renderam 35,01% (considerando o IFIX) e o índice de small caps, 28,59%, podendo ser replicado através do ETF SMAL11, resenhado aqui no blog.
Esse artigo tem como objetivo analisar esses movimentos no ano de 2012 e também verificar em detalhes os motivos que levaram essas 90 carteiras de investimentos que acompanhamos o ano inteiro a apresentarem retornos mais de 2x superiores ao CDI e Ibovespa.
Continue lendo esse artigo para saber mais sobre:
- Qual foi a rentabilidade dos principais ativos em 2012
- Projeções para 2013
- Porque as 90 carteiras tiveram retornos mais de 2x superiores do que o CDI e Ibovespa
- Um olhar detalhado sobre 5 carteiras escolhidas a dedo por mim
- Porque a carteira com maior retorno da série teve um dos piores índices de sharpe
- Série Alocação de Ativos em 2013: O que você pode esperar
Rentabilidade dos principais ativos do Mercado Financeiro em 2012
Apesar dos baixo retornos do CDI e Ibovespa, se levarmos em conta os retornos históricos, tivemos um ano bem azul, com todos os principais indicadores apresentando retornos positivos.
É curioso notar 3 interessantes padrões nesse gráfico:
- O retorno do CDI muito próximo do Ibovespa e da Poupança. Variando entre 6% e 8%, o investidor teria um retorno real muito pequeno, se considerarmos a inflação. Retorno esse que ficaria na casa dos 0,5%-2,5%.
- Ativos cambiais indo na mesma direção das ações. Apesar da correlação histórica negativa entre ambos, esse ano mostra um retorno positivo para essas 2 classes diferentes de investimentos. O Ouro, foi novamente o melhor ativo cambial do ano.
- A importância da diversificação entre large caps e small caps. Não basta apenas diversificar em ações escolhendo índices como BOVA11 e PIBB11, que replicam as large caps. Ao ignorar as small caps, através do ETF SMAL11, você está deixando de ter uma maior rentabilidade esperada.
Relatório Focus (2012-2013)
Esse gráfico é um pequeno apanhado com alguns índices em 2012 e a previsão para os mesmos em 2013.
É possível perceber a ausência de grandes mudanças e que o mercado espera uma inflação menor para 2013 do que foi para 2012.
Conforme falei na atualização de dezembro das carteiras de investimentos, acredito que 2013 será o ano do assunto inflação.
Com baixas taxas de juros, baixo PIB, baixa produção industrial o Banco Central terá de utilizar um arsenal maior de armas para combater um possível avanço da inflação nesse ano.
Títulos Públicos em 2012
Todos os gráficos em queda livre.
Chamando maior atenção, a NTN-B Principal com vencimento em 2015 teve uma queda de 3,30% na taxa oferecida em 2012.
Para quem comprou o título no início do ano ou já havia comprado anteriormente, foi possível obter uma ótima rentabilidade desse título em 2012, que ficou em torno de 20%.
Já os títulos públicos com maior duração (vencimentos mais longos), a rentabilidade foi ainda maior, apesar da menor queda entre as taxas. Como a duração desses títulos é grande (11 anos para 2014 e 22 anos para 2035) qualquer 1% de alteração na taxa provoca uma grande alteração no preço do título e, por consequência, na rentabilidade deste.
A NTN-B Principal com vencimento em 2024 teve uma rentabilidade em torno de 36% e a de 2035 de 50%.
Médias das Carteiras apresentou resultados 2x maiores que o retorno do CDI ou Bolsa
O motivo? A sua alocação de ativos.
Ela é muito parecida com o sistema 4-3-2-1, que apresentei em meados de 2011, sendo:
- 40% em Renda-Fixa
- 30% em Ações
- 20% em Fundos Imobiliários
- 10% em Ativos Cambiais
Nesse carteira a divisão ficou do seguinte modo:
- 41% em Renda-Fixa
- 35% em Ações
- 19% em Fundos Imobiliários
- 5% em Ativos Cambiais
A ampla diversificação através dessas classes e dentro das próprias classes, foi o que garantiu um retorno melhor do que o CDI e Ibovespa, já que essas carteiras possuíam investimentos em small caps, ouro, fundos imobiliários e títulos públicos de longo prazo, ativos que tiveram retornos bem acima do CDI e Ibovespa.
No gráfico acima, destaco a evolução de 3 índices iniciando em R$ 100 ao longo de 2012.
Mesmo com uma queda de 10% no Ibovespa em meados do ano, as carteiras sempre apresentaram retornos acima do CDI, resistindo bem às quedas.
Um olhar atento sobre 5 carteiras escolhidas a dedo (Maiores Índices Sharpe)
Ao escolher 5 carteiras para analisar aqui nesse artigo a primeira ideia que me veio à cabeça foi utiliza o índice de sharpe.
Ao contrário do que poderia se esperar, eu preferi não utilizar a maior rentabilidade porque sabemos que alta rentabilidade pode ser sinônimo de alto risco.
Para encontrar 5 ótimas carteiras, eu precisava equalizar tanto retorno como risco. Logo, a escolha do índice de sharpe foi natural nesse processo.
Desse modo, surgem as 5 carteiras escolhidas:
FRAR, MNO, LCB, CPRM e EF.
No gráfico acima, é possível analisar a evolução de R$ 100 investidos em cada uma em 2012 em comparação com o CDI.
No gráfico abaixo, a ordem pelo índice de sharpe.
O índice de sharpe das carteiras é muito alto, chegando a quase 4,00, como na FRAR.
Se esse número “solto” não parece grande coisa, sugiro ler o artigo que escrevi sobre o importante índice de sharpe.
As 5 carteiras estão organizadas pela barra em vermelho, indicando uma ordem decrescente do índice de sharpe.
Porém, para esse tipo de estudo com apenas 1 ano de análise, o índice de sharpe generalizado é considerado mais eficiente para analisar as carteiras, já que também desconta a volatilidade do próprio CDI na conta. Novamente, se parece um conceito confuso ou abstrato, recomendo ler esse artigo.
Logo, a classificação das 5 carteiras com melhor relação retorno x risco fica desse modo:
- (4,94) MNO
- (4,85) LCB
- (4,57) FRAR
- (4,09) CPRM
- (4,06) EF
Maior Retorno, 5º Pior Índice de Sharpe
No gráfico acima, a alocação da carteira XAR.
Essa carteira obteve a maior rentabilidade da série entre as 90 carteiras, de 32,98%.
Apesar do gráfico sugerir uma carteira diversificada, observe que ela possui 90% investidos em Fundos Imobiliários e 10% investidos em Ações.
E qual foi a classe de ativos com maior rentabilidade em 2012? Bingo!
Mesmo o IFIX (índice de fundos imobiliários) tendo uma rentabilidade de 35,01%, a carteira ainda ficou aquém desse resultado. O principal motivo é o retorno de -31,10% da única ação, CMIG4.
Escolhi essa carteira para um olhar mais atento porque um fato me chamou muita atenção: Apesar do maior retorno, essa carteira tem o 5º pior índice de sharpe, assim como o 5º pior risco entre as 90 carteiras.
Em destaque em vermelho, a carteira XAR com o 5º pior índice de sharpe.
A alta volatilidade da carteira a coloca em um quadrante bem diferente das demais: alto retorno e alto risco.
É interessante notar também que a carteira é composta de 90% em Fundos Imobiliários e 10% em Ações e mesmo assim apresentou o 5 maior risco entre as 90 carteiras.
Veja a rentabilidade mensal da carteira abaixo:
Apesar do ano com baixa volatilidade, a carteira apresentou momentos de grandes altas e baixas.
Para terminar, a sequência de retornos em 2012 de todos os ativos que compõem a carteira.
Conclusão
Nunca se deixe levar apenas pelo retorno passado de um ativo ou fundo de investimento.
A ampla diversificação é extremamente importante para garantir resultados sólidos no longo prazo.
Para isso, precisamos diversificar entre Renda-Fixa, Fundos Imobiliários, Ações, e se necessário, em Câmbio.
Entretanto, não devemos parar por aí. A diversificação intra-classe, dentro da própria classe, é muito relevante, conforme vimos na diferença de retorno entre large caps e small caps.
A série sobre Alocação de Ativos com as 90 carteiras analisadas em 2012 termina aqui.
Ao longo do ano foram várias as vezes que precisei virar a madrugada coletando dados, analisando números, padrões e elaborando gráficos para publicá-los aqui no blog.
Eu não poderia deixar de citar aqui que se não fosse pelos cursos de excel que realizei e os livros sobre informação visual design nada disso poderia ser uma realidade hoje. Afinal, são 12.750 dados coletados manualmente em 2012 para os 51 ativos da série e praticamente 20 gráficos para cada artigo publicado.
Em especial, caso você esteja procurando um curso de excel para melhorar sua participação no trabalho, ou na análise de números ou somente para se organizar melhor pessoalmente, recomendo dar uma lida no artigo sobre A Arte do Excel que escrevi.
Espero que essa série tenha sido útil para vocês, nem que seja somente para atentá-los para a importância que a diversificação tem na hora de você aplicar seu dinheiro de modo inteligente.
E como essa não é nenhuma despedida…
O que esperar da série Alocação de Ativos em 2013
A série sobre Alocação de Ativos irá continuar em 2013, com algumas novidades que vocês irão adorar.
Não colocarei ainda tudo nesse artigo para não se tornar um enorme post para ler e não misturar assuntos, mas já adianto 3 coisas:
- Você poderá investir agora em 80 ativos (na série de 2012 eram 51). Sim, eu darei conta de todos esses dados. Ao menos, é o que espero! 🙂
- Baseando-me na carteira MNO, a única com alocações negativas, resolvi deixar mais claro que será possível adotar alocações negativas nos ativos, desde que a alocação final seja de 100%. Acredito que poderá abrir ainda mais o leque de opções e análises.
- Além de ativos e ETFs, selecionei alguns índices para investimento, antecipando o que poderia vir a ser novos ETFs ou fundos de índice no futuro.
Ao pensar sobre essa série, inicialmente havia planejado limitar as vagas em 50 carteiras para evitar o excesso de dados, mas abrirei inicialmente as inscrições para todos que quiserem participar, sem restrições.
Como na série anterior, a planilha para preenchimento dos ativos será enviada exclusivamente via email.
Portanto, se você ainda não está cadastrado nela, coloque seu email abaixo e clique no botão “Quero Receber!”.
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Fique atualizado!
Todos os detalhes, assim como a data de início e final de envio dos dados, detalharei no próximo artigo.
Enquanto isso, trabalharei para deixar tudo bem explicado e organizado para que a série de 2013 possa alcançar um número ainda maior de leitores do que em 2012. A alocação de ativos e a ampla diversificação precisam ser divulgadas nesse mercado. Conto com a ajuda e colaboração de vocês!
Por hora, o que vocês gostariam de ver de novidade nessa série de 2013?
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(crédito das imagens: shutterstock.com)